Os lagares já não têm onde armazenar o bagaço e, sem capacidade de armazenamento, têm de parar a apanha da azeitona e, em consequência, a produção de azeite.

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A apanha da azeitona e a produção de azeite estão à beira de colapsar em todo o Alentejo. O alerta foi dado na semana passada pela CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal. Em causa está a falta de capacidade das unidades produtivas para acumularem o bagaço de azeitona produzido pelos lagares.

A falta de chuva no território alentejano faz com que a apanha da azeitona se esteja a processar, este ano, num ritmo bem mais elevado do que o habitual. Aos lagares estão a chegar carregamentos daquele fruto em quantidades muito acima das expectáveis e, depois de moída a azeitona, a pasta que sobra (o bagaço) é depositada em tanques próprios. Agora, de acordo com o vogal da CONFAGRI, Aníbal Martins, com os locais de armazenamento lotados, a única solução é parar a apanha e, em consequência, a produção de azeite.

Aníbal Martins disse que as três unidades do Alentejo (duas em Ferreira do Alentejo e a outra em Alvito) que transformam o bagaço de azeitona deverão atingir o ponto máximo de saturação, na melhor das hipóteses, durante esta semana, altura em que todo o processo de recolha e produtivo terá de ser interrompido. “Os prejuízos poderão ser incalculáveis”, adiantou aquele responsável.

Para além dos prejuízos financeiros, esta situação poderá ainda gerar um grave problema ambiental, uma vez que a produção de bagaço desta época pode ascender às 600 mil toneladas. Aníbal Martins afirmou que são recebidas diariamente nos postos de transformação de bagaço cerca de cinco mil toneladas, sendo que a capacidade de transformação é apenas de mil toneladas/dia.