PARECEM muito longe, mas as autárquicas estão aí. As eleições para as lideranças das estruturas concelhias dos vários partidos, ou distritais, noutros casos, marcam já esse desiderato.
Há pouco mais de dois anos, em outubro de 2017, as eleições locais no distrito de Setúbal mostraram que havendo ‘janelas abertas’, nomeadamente com as limitações de mandatos, as oposições ganham outro fôlego. Assim aconteceu com o PS, em Alcochete e Barreiro, onde os então presidentes eleitos pela CDU não puderam ir a jogo. Almada, ganha também pelos socialistas, é outra história. Bem como a perda de maiorias em diversos outros municípios ainda liderados pela coligação comunista e verdes.
Em 2021, há situações análogas a merecer atenção, desde logo com Setúbal à cabeça, já que a atual presidente, que durante o seu ciclo eleitoral ganhou peso acima da valia do partido que representa, não vai poder ir a votos no concelho sadino e, como tal, abre mais uma dessas janelas.
Ocorre um outro fenómeno não totalmente despiciendo, que a lei configura, e os aparelhos partidários começam a usar como ferramenta eleitoral: fazer mudar o cabeça-de-lista para paragens vizinhas. Não é caso virgem no distrito. A última situação deu-se com Vítor Proença, que liderou doze anos a autarquia de Santiago do Cacém e, de seguida, concorreu, com êxito, à liderança do município de Alcácer do Sal. Nas próximas autárquicas pode dar-se o caso de a presidente da Câmara de Setúbal ir a votos a Almada…
Depois, os regressos às lides, por vias diferentes. Os ex-presidentes, que foram obrigados a períodos sabáticos. Encontramos também um exemplo no Litoral Alentejo, com Figueira Mendes, que após a saída de Carlos Beato, retornou a Grândola, gerando uma onda de choque junto dos socialistas daquele concelho. Podemos vir a assistir ao reaparecimento em cena de Luís Franco, em Alcochete. E, é já garantido, o regresso de Carlos Sousa a Palmela, desta feita numa lista de independentes.
Será, certamente, um ano interessante deste ponto de vista, com movimentações, sobretudo nos casos da CDU e do PS, que detêm a hegemonia autárquica no distrito. Para além de que, perante as ‘janelas abertas’, a síndrome de ganhar câmaras, sobrepõe-se, muitas vezes, à razão de não as perder. Mas essa é outra história…
Raul Tavares
Diretor