Tive a honra de conhecer D. Manuel Martins, fundador da Diocese de Setúbal, enquanto seu primeiro bispo.
Privei com o falecido prelado sadino em duas frentes. Na direção de um jornal e centro de estudos ligados à Igreja, e como jornalista, em momentos de enorme privilégio por ter acompanhado, muito de perto, a sua ação numa das piores fases económica e social da nossa região.
O espaço é curto para lembrar todos os episódios que vivenciei, e lembrar, até, os últimos telefonemas trocados, não há muito tempo, dando espaço a confidências que guardarei para mim.
Esta semana, porém, o seu ‘filho’ da Igreja e do mundo, Eugénio Fonseca, relembrou, em livro, tantas memórias e episódios, que espelham bem a dimensão daquela figura que jamais adormecerá os pensamentos dos que acompanharam a sua ação, a sua forma de estar e de ser, a sua fibra e o seu amor ao próximo.
Só o podia ter feito este outro grande Homem, o presidente da Cáritas Portuguesa, que tanto tem dado à Igreja e à sociedade, elo de uma corrente que, ao contrário de muitos outros, não distingue, antes pelo contrário, as duas realidades. A prova disso, foi a enchente que o acompanhou no lançamento da sua obra “Testemunhos de duas vidas compartilhada”, de tantos setores, de tantas abrangências e de tantas vidas.
Este reconhecimento de toda a região, que tem braços estendidos ao país no seu todo, é a prova de que Eugénio Fonseca muito aprendeu com o seu patrono, na vida de cá e nos caminhos mais elevados da espiritualidade.
Este tributo, em jeito de homenagem, deve fazer-nos pensar sobre o significado da boa ação do homem, de que o presidente da Cáritas é peregrino exemplar. Os exemplos somam-se e davam outro livro.
Que a Igreja de Setúbal e do mundo, com Mitra ou sem Mitra, saiba honrar as vidas compartilhadas destes dois homens com todos os outros que se cruzaram nos seus caminhos. Porque a Igreja faz-se ainda maior fora dos templos.
Raul Tavares
Diretor