Notas Soltas sobre o Alentejo

Sónia Ramos

 

Presidente da Comissão Politica Distrital do PSD de Évora

Membro da Assembleia Municipal de Montemor-o-Novo

 

Portugal é um dos maiores produtores de cortiça do mundo e isso deve-se ao Alentejo, região onde se encontra 84% dos sobreiros. Região também, de muitos vinhos afamados e com expressão mundial. O mesmo se dirá da produção de azeite, outro produto de excelência.

O nosso património, material e imaterial, é riquíssimo. O Cromeleque dos Almendres, por exemplo, localizado em Nossa Senhora de Guadalupe, concelho de Évora, é o maior monumento megalítico da península ibérica, formado por 95 monólitos de pedra e um dos maiores do mundo. A rota dos castelos evidencia bem a história secular que se respira nas planícies alentejanas, imortalizadas no cante alentejano. A gastronomia e os doces conventuais são unanimemente reconhecidos como ex-libris da região e uma das principais atrações. A tapeçaria e o artesanato personalizam também a nossa alma.

O Alentejo é a maior região de Portugal, com 27 mil quilómetros quadrados. O Brasil é o terceiro maior emissor de turistas para o Alentejo e o primeiro fora da Europa.
É no Alentejo que encontramos o maior lago artificial da Europa: o Alqueva. As praias alentejanas são de uma beleza difícil de igualar.

O Alentejo foi o primeiro lugar do mundo a receber a certificação Starlight, da UNESCO, que atesta a qualidade do céu para a observação de estrelas.

Balonismo: o Alentejo é dos poucos lugares da Europa onde se pode voar de balão durante todo o ano.

Temos recursos naturais singulares. Uma localização geográfica privilegiada. Temos Academia. Gente resiliente.

Contudo, perdemos onze mil jovens em cinco anos. Representamos a zona do país com mais população idosa. Temos 22,4 habitantes por quilómetro quadrado e uma total incapacidade para atrair investimento e, sobretudo, mão-de-obra qualificada como por exemplo ao nível dos profissionais de saúde. No que concerne aos cuidados de saúde mental, apenas dispomos de dois pedopsiquiatras em todo o Alentejo.

Os Institutos Nacionais de Estatística de Portugal e de Espanha publicaram em 2018, a 14.ª edição do estudo “Península Ibérica em Números/Península Ibérica en Cifras”, onde o Alentejo aparece como a região de toda a Península Ibérica com menos médicos por cada mil habitantes. É também a região que apresenta a menor densidade populacional.

No Alentejo, a taxa de divórcio é superior à média nacional. Em 2017 registaram-se 64,06 divórcios por cada cem casamentos. No Alentejo essa taxa atingiu os 73.32. Quanto à taxa de nupcialidade o Alentejo, entre 2013 e 2018 também registou a taxa mais baixa.

O Alentejo é a região do país onde se verifica maior consumo de substâncias aditivas, enquanto a Madeira é a zona com menor consumo, segundo um inquérito feito a jovens de 18 anos participantes no dia da defesa nacional (estudo datado de 2016).

Somos poucos, envelhecidos, abandonados pelo SNS e parecemos infelizes. Notas soltas para reflexão… Para onde Vamos?