Concessionários da Costa com época ameaçada

A pandemia de Covid-19 deixou-os com a água quase pelo nariz. Não há clientes nem receitas. Muitos patrões não devem conseguir reabrir em maio e outros nem sequer conseguem aplicar o lay off. O desemprego paira sobre centenas de colaboradores.

 

Está difícil a vida para os concessionários de apoios de praia da Costa da Caparica. Quase sem receitas há mais de um mês e com a época balnear a aproximar-se sem garantias de trazer os clientes necessários muitos não sabem, sequer, se terão hipóteses de abrir as portas.

Ao todo são 22 os concessionários que integram a Associação de Apoios de Praia da Frente Urbana da Costa da Caparica. São eles que, ano após ano, garantem a restauração na zona mais turística do concelho de Almada e que, mercê de protocolos firmados com a Polícia Marítima local, acautelam grande parte da segurança aos muitos milhares de turistas que ali acorrem, contratando os nadadores salvadores necessários.

Este ano, parecia que alguns dos crónicos problemas dos concessionários iriam desaparecer e que estavam reunidas as condições para que a época gerasse grandes receitas. O acordo com a Câmara Municipal de Almada para os isentar do pagamento das rendas de ocupação dos espaços até junho está obtido e em vigor. O presidente da associação, Acácio Bernardo, diz que existiam condições para que cada comerciante pudesse ter um ano mais desafogado. “No meu caso tinha tudo encaminhado para, na época baixa, poder ter 15 pessoas a trabalhar e aumentar o número, a partir da abertura da época balnear, para mais de 20 funcionários”, contou ao Semmais. Mas… apareceu a Covid-19.

Pandemia ditou o fecho de portas e o acumular de dívidas

Apareceu a pandemia, a maior parte dos estabelecimentos fecharam, reduziu drasticamente o número de clientes e, em consequência, as receitas. Na frente de praias da Costa da Caparica não há negócio. “Em março, eu e os restantes concessionários ainda conseguimos pagar aos colaboradores. A partir de agora, não sei se tenho condições. Acho que ninguém conseguirá suportar as despesas não tendo receitas”, adiantou Acácio Bernardo ao nosso jornal.

“Está tudo fechado. Ninguém está a trabalhar. Aqueles que podem, recorrem ao lay-off, mas até para isso é preciso preencher uma série de requisitos que nem todos têm. Agora todos estão a acumular dívidas, até porque não se fizeram as receitas essenciais da Páscoa, e o próximo mês, que deveria ser forte, irá começar muito retraído”, deu conta o mesmo responsável.

O advogado da associação, Paulo Edson Cunha, confirma que muitos dos comerciantes não têm condições para aderir ao lay-off, uma vez que possuem dívidas ao Estado. “A renegociação dos contratos com a autarquia fez-se e chegou-se a um acordo (prolongamento das concessões para além de 2023), embora nada esteja ainda assinado. Mas a verdade é que com este novo problema (a pandemia) voltam a não estar reunidas as condições para que os comerciantes possam saldar compromissos e, em consequência, beneficiar agora dos apoios destinados a tentar ultrapassar esta crise”.

Acácio Bernardo não tem dúvidas de que a situação presente vai provocar muitas baixas no setor. Os números de contratação de colaboradores para a área da hotelaria chegam, no período baixo, às três centenas, quase duplicando no verão. “Este ano, com todos os condicionalismos e restrições que a câmara municipal vai impor no acesso às praias, não será, certamente, possível contratar tanta gente. Até a contratação de nadadores salvadores, que deverão ser um mínimo de 15 até junho, está comprometida. Não há efetivos”, diz.