Vamos a banhos…

Vamos ter um verão mais ou menos atípico, com as praias varridas a regras de isolamento social, em contraposição com a vontade dos portugueses em retomar a normalidade da época de banhos.

Para já, o panorama é bem melhor do que se antevia, como não haver mesmo época balnear. E isso é uma boa notícia. Mas não vai ser fácil, tendo em conta a catadupa de regras, as dúvidas que ainda persistem, os receios de muitas famílias, e o papel dos concessionários que partem para um negócio sazonal que nunca terá sucesso garantido.

Desde logo porque o espaço que ocupam nas praias concessionadas foi encurtado pela distância determinada entre colmos, toldos, cabanas e barracas, depois pela empreitada entregue à Agência Portuguesa do Ambiente, que deixando de parte quem sabe do assunto, determinou, a régua e esquadro, o número de banhistas possíveis de coabitar em cada uma das praias ao mesmo tempo.

Por outro lado, a época balnear foi amputada em pelo menos quinze dias, uma vez que só a partir do dia 15 se pode fazer negócio propriamente dito. Já para não falar, a montante, dos restaurantes que só puderam reabrir há pouco mais de semana e meia.

Perante a pandemia e o processo de desconfinamento, não havia muito de diferente a fazer, mas tenho dúvidas de que se cumpra, na plenitude, todo o encargo estratégico da prevenção que está a ser gizada pelas autoridades.

O último fim-de-semana não deu para se ter uma ideia do que aí vem. A vontade popular de banhos é avassaladora, os números, apesar de alguns focos mesmo aqui na nossa região, estão brandos. É expetável, por isso, algum desafogo. Já nem se trata de economia versus saúde pública. É mais um rebate de libertação explosiva sem refreio.

E teremos, pela certa, que contar com os portugueses que vão certamente optar por fazer praia no seu país, ao invés de zarparem, aos milhares, para outras paragens e destinos.

Pede-se, no caso, sensatez e bom senso.

Raul Tavares
Diretor