O Homem é o Homem e a sua circunstância? Sim. Só podemos compreender o homem e o mundo se conhecermos as suas circunstâncias, o seu momento histórico, o seu contexto pessoal e societal. A superação humana depende desse entendimento, cuja consciencialização é promovida pela educação. Mas é legítimo o aproveitamento das circunstâncias para desculpabilizar a negação da liberdade? Poderá o Homem, enquanto ser livre, deixar condicionar-se pelas suas próprias circunstâncias? Ou deve poder escolher a vida, apesar de todas as circunstâncias? Sim. A liberdade é esse ato humano de decidir-se em cada momento.
Vivemos uma circunstância mundial atípica provocada por factos atípicos, como o é uma pandemia mundial, promotora de atitudes atípicas, mas nem por isso desculpáveis. O que temos assistido nas últimas semanas é, deveras, assustador. O Estado, e a sua circunstância de hegemonia socialista, dá sinais contraditórios na realização de eventos, decidindo de acordo com os seus interesses políticos. Este é o único critério de decisão. Dá sinais errados, quando aposta todos os meios e recursos do ministério da saúde no combate ao Covid-19 e deixa os doentes não Covid em situação de perigo de vida. Porque o seu único critério não é proteger a Vida, mas a visibilidade mediática da vida.
O vandalismo a que foi sujeito, por todo o mundo, o passado histórico da humanidade, em nome de uma luta totalmente legítima, é um ato irrascível, só possível pela ausência total e absoluta de sentimentos de pertença e identidade dos seus atores. Os fins não podem justificar os meios. A defesa de uma causa legítima não legitima a prática de crimes. O mesmo se dirá relativamente à posição assumida por alguns cidadãos portugueses relativamente às forças de segurança. Não por convicção ou ideologia, mas por pura provocação, alguns aproveitam momentos conturbados para carpir as suas frustrações pessoais e brandir o seu descontentamento generalizado contra a sociedade.
Outros aproveitam as circunstâncias para revelar a sua prepotência e sobranceria oca. A visita da ministra da cultura a Évora é disso um bom retrato, negando a oferta do barrete dos forcados de Évora. Esta senhora nunca poderia ser ministra da cultura, simplesmente porque desconhece que ser culto é ser de um sítio… e os sítios são o resultado das tradições, costumes, moral, história e cultura de uma comunidade. Foi tudo isso que ela recusou. Outro ato de prepotência e de ignorância atroz resulta da Câmara Municipal de Vila Viçosa permitir a venda da casa onde nasceu Florbela Espanca sem invocar interesse público. Uma circunstância reveladora da pobreza intelectual do executivo camarário que nunca percebeu a riqueza do espólio literário, intelectual e humanista de uma Mulher absolutamente distinta. O Alentejo tem sido, demasiadas vezes, vítima das circunstâncias de políticos medíocres.
Sónia Ramos
Presidente da Comissão Politica Distrital do PSD de Évora
Membro da Assembleia Municipal de Montemor-o-Novo