Uma das respostas para manter os sistemas económicos e sociais basilares a funcionar face ao impacto da pandemia e às restrições impostas à mobilidade e aos contactos de proximidade, foi o enorme incremento do teletrabalho e da disponibilização de serviços online.
Quando for possível controlar o risco sanitário e as deslocações a atividades presenciais deixarem de ter restrições, muito do atual teletrabalho voltará a ser presencial e uma parte dos serviços disponibilizados online também voltarão a ser prestados por contacto direto. No entanto, uma parte significativa das atividades e serviços continuarão a ser oferecidos na rede, demonstrada que seja pela experiência forçada, a sua maior eficácia para atingir os objetivos de prestadores, trabalhadores e clientes, no contexto de uma regulamentação adequada às novas práticas.
Nalguns sectores o teletrabalho ou a disponibilização de serviços online exige uma proximidade de quem o exerce com uma base física de referência, mas em muitos outros esse elo deixa de ser relevante e o local de exercício passa a depender do acesso aos equipamentos, redes e plataformas necessárias.
Esta constatação abre uma janela de oportunidade para os territórios mais preservados e menos povoados, que se tornam fortemente atrativos para a instalação de teletrabalhadores e prestadores de serviços online. O Alentejo, em particular, pela sua localização, baixa urbanização e alto potencial de qualidade de vida, pode beneficiar fortemente deste movimento e constituir um tele território muito atrativo.
Para o conseguir é preciso começar a aplicar desde já uma política integrada de requalificação e reforço de infraestruturas, não apenas no que diz respeito às redes digitais, mas também em relação a tudo o que torna possível a fixação de pessoas qualificadas, designadamente na oferta de habitação para as famílias, de bons cuidados de saúde e de uma boa oferta escolar, entre outros exemplos.
Estão a ser preparados, o programa nacional de recuperação para aplicação mais imediata e os programas regionais de desenvolvimento no horizonte do quadro de financiamento plurianual 2021/2027. É preciso ter o rasgo de planear com rigor e capacidade de criar as condições para atrair para a nossa região os novos nómadas do teletrabalho e dos serviços online.
Pensar um território de tradição e qualidade que seja também um tele território de excelência. Sem mais.
Carlos Zorrinho
Eurodeputado PS