Ministro diz que obras no Montijo não devem arrancar em 2020, mas Portugal tem que fazer investimento

O ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou ser “difícil” o início das obras do aeroporto do Montijo ainda este ano, mas ressalvou que Portugal não pode prescindir de aumentar a capacidade aeroportuária em Lisboa.

“Parece-me difícil. Agora, que Portugal não pode prescindir de aumentar a sua capacidade aeroportuária na região de Lisboa, não pode. Isso é evidente. Nós estamos a passar por uma situação muito particular, mas que não vai durar para sempre, e no dia em que nós voltarmos a ter procura, temos que ter capacidade de resposta, que nós já não tínhamos”, afirmou Pedro Nuno Santos, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo.

O governante notou que, se não fosse a pandemia de Covid-19, Portugal estaria, neste momento, a recusar “milhares de voos para Lisboa” e, consequentemente, a perder muito dinheiro.

Neste sentido, o país “não se pode dar ao luxo” de não fazer este investimento, considerou o ministro das Infraestruturas, vincando que o processo tem que ser retomado “o mais rápido possível”.

Na quinta-feira, o presidente da Comissão Executiva da ANA – Aeroportos de Portugal defendeu, no parlamento, que a crise potenciada pela pandemia de Covid-19, que paralisou o setor da aviação, “não retira qualquer relevância” ao aeroporto do Montijo.

“O projeto entrou agora numa fase de execução. A crise mundial (…) não retira qualquer relevância ao aeroporto do Montijo”, notou Thierry Ligonnière, durante uma audição parlamentar na comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

Na sua intervenção inicial, Ligonnière assegurou que, em 2019, o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, já não tinha possibilidade de gerar efeitos positivos para a economia nacional e, consequentemente, criar emprego.

Assim, no atual contexto, “torna-se ainda mais importante para mitigar os efeitos económicos de uma crise que se perspetiva muito grave”, vincou.

Já o presidente do Conselho de Administração da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) defendeu, ontem, que o aeroporto do Montijo vai criar um polo de emprego e contribuir para fixar população na margem sul do Tejo.

“O aeroporto do Montijo vai criar um novo polo de emprego, que irá propiciar o crescimento da área residencial (…) e fixar população na outra margem. Uma parte das ligações necessárias entre os dois aeroportos terá que atravessar o Tejo (…), mas também haverá a componente de viagem por ferry para o centro da cidade”, afirmou Luís Miguel Ribeiro, numa audição parlamentar na comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

Este responsável notou também que tudo o que promova a capacidade da zona aeroportuária de Lisboa vai reduzir os voos noturnos, notando que, até junho, foram registadas 54 irregularidades neste tipo de viagens, face às 1.180 totalizadas em 2019.

Já no que se refere ao birdstrike (risco de colisão de uma ave com um avião), o presidente da ANAC lembrou que uma “intensa vida animal” não é incompatível com o aeroporto, referindo que tudo depende “das medidas implementadas para reduzir o número de aves nas imediações” da infraestrutura.

Para Luís Miguel Ribeiro, este risco também depende do tipo de aves, uma vez que “se forem de pequeno porte” as consequências para a aeronave serão “limitadas”.