Vereador do PSD acampou à porta da câmara do Montijo

Ação de protesto visou o presidente Nuno Canta e a especulação imobiliária. João Afonso diz que há 500 famílias que não conseguem pagar as rendas de casa. Presidente lembra que em cinco anos o município promoveu a construção de 1281 fogos.

O vereador do PSD na Câmara Municipal do Montijo, João Afonso, acampou ao início da noite de quinta-feira em frente aos Paços do Concelho da cidade, numa ação de protesto contra o executivo socialista, considerando que este não toma medidas para evitar que cerca de 500 famílias ali residentes percam as habitações por não terem condições para pagar as rendas.

Eram 20h30 de quinta-feira, quando um grupo de pessoas afetas ao PSD montijense começou a montar quatro tendas de campismo em frente à Câmara. Segundo disse ao Semmais João Afonso, o grupo só pretendia abandonar o local na manhã do dia seguinte, sexta-feira, depois de a sua ação de protesto ser divulgada nacionalmente. Um grupo que se manteve toda a noite com dez a 15 elementos, foi elucidando os passantes sobre a ação.

“O primeiro motivo deste protesto é para mostrar solidariedade para com as famílias que neste momento correm o risco de ficarem sem casa por não terem meios financeiros para pagar as rendas. Estas famílias que há dois ou três anos pagavam 350 e 400 euros de renda mensal, são agora obrigadas a despender 700 e 750 euros em virtude dos aumentos verificados por causa da especulação imobiliária resultante da eventual construção do aeroporto. Muitas não conseguem esse dinheiro e estão a ser despejadas”, disse o vereador.

O autarca adiantou depois que o protesto se estende ao presidente do município, Nuno Canta, e ao restante executivo socialista. “O presidente recusa-se a agendar a discussão de uma proposta do PSD para que seja criado um fundo de apoio às pessoas que correm o risco de ficar sem habitação. Diz que é uma proposta ilegal. Mas não é, porque uma das incumbências da câmara é precisamente garantir o direito à habitação”.

De acordo com o vereador social-democrata, serão cerca de 2000 famílias que no concelho do Montijo estão em risco de perderem a casa por falta de capacidade para pagarem as rendas.

Contactado o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, este disse à nossa redação que não comentava o episódio do acampamento por considerar que o mesmo “não tem dignidade”.

Sobre as acusações relativas ao preço dos arrendamentos, o autarca lembrou que o parque habitacional do Montijo inclui 491 famílias carenciadas e que, “só no período da pandemia, foram entregues por concurso público, 35 fogos, estando ainda prevista a entrega de mais 16 até dezembro”.

Nuno Canta lembrou ainda que a autarquia promoveu, nos últimos cinco anos, 1281 fogos novos ou alvo de reabilitação, facto que, disse, prova o empenhamento do município em solucionar as questões habitacionais.