Empresa de drones e IA ao serviço da agricultura implanta-se em Évora

A ELIO Tecnologia, empresa apresentada ontem em Évora, vai desenvolver um equipamento aeronáutico inovador e apostar na tecnologia para fornecer serviços de precisão no setor agroflorestal, através de balões, drones ou algoritmos de inteligência artificial (IA).

A empresa, sediada no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), em Évora, resulta de uma joint venture’entre o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e a brasileira ELIO, apresentada como “líder na integração de tecnologia aeronáutica, sensores e algoritmos de IA no mercado agroflorestal”.

“A ELIO Tecnologia quer trazer maior eficiência e mais ganhos para a agricultura. Depois as ferramentas que utiliza podem ser mais ou menos complexas”, como “drones, aeronaves autónomas ou algoritmos de IA”, explicou aos jornalistas o diretor de Desenvolvimento de Produto do CEiiA, Tiago Rebelo.

O presidente executivo (CEO) da ELIO, Rui Ribeiro, referiu que “as tecnologias para apoiar os produtores agrícolas e florestais” desenvolvidas pela sua empresa “nos últimos cinco anos” são transferidas para esta nova empresa.

“São ferramentas que nós temos, desde aeronáutica, à parte de sensores e de IA para que o produtor, no seu dia-a-dia, possa melhorar a sua eficiência, desperdiçar menos dinheiro e ter melhor rentabilidade das suas culturas”, frisou.

Os veículos aéreos não tripulados e os sensores concebidos pela ELIO “permitem fazer uma coisa muito parecida com uma tomografia às plantas”, ou seja, essa tecnologia consegue mostrar “o que se passa dentro das plantas ao voar por cima delas” e a empresa “transforma esses dados em informação útil para os produtores”.

Todo o desenvolvimento tecnológico e de machine learning da brasileira ELIO, conseguido “ao longo de muitos anos, em parcerias com o Massachusetts Institute of Tecnhology (MIT), em Boston (nos Estados Unidos), e com o Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) brasileiro, foi agora colocado dentro desta nova empresa e trazido para Évora”, realçou Tiago Rebelo.

“Aquilo que se quer na ponta final é o benefício para o agricultor, é um benefício para a economia, que é maior eficiência no setor agrícola”, ao “torná-lo mais digital e mais inovador na sua essência”, vincou.

Existente “desde março”, mas lançada ontem, a empresa está no mercado “a discutir propostas” com potenciais clientes e deverá criar, nesta 1.ª fase, “10 ou 15 postos de trabalho altamente qualificados” em Évora, indicou o diretor do CEiiA.

“No imediato”, o plano é começar a trabalhar com produtores agrícolas e florestais nacionais, recorrendo aos “meios que já voam e estão operacionais, os drones de asa fixa” desenvolvidos pela ELIO, adaptando o conhecimento de culturas de outros países à realidade portuguesa.

Paralelamente, revelou, a ELIO Tecnologia vai fazer “o desenvolvimento para a industrialização” do ELIO Airship, “um produto novo”, com viabilidade para “poder vir a ser colocado no mercado”, mas que “ainda não tem maturidade suficiente” para tal.

“No próximo ano, vamos dar maturidade a este produto, para que ele possa cumprir as regras de aeronavegabilidade e de segurança, para que possa ser utilizado em território nacional e internacional”, afirmou Tiago Rebelo, referindo que “ainda é cedo” para saber se vai ser construída uma fábrica em Évora para a produção deste equipamento.

Já Rui Ribeiro explicou tratar-se de “um equipamento disruptivo e inovador” no mercado, um balão destinado à “aplicação inteligente de agroquímicos” na agricultura e que “pode navegar durante seis horas e levar carga”.