Qualificar como “a” visão de futuro

As instituições de ensino superior politécnico localizadas no interior do país vão ter nos próximos sete anos uma oportunidade única para se (re)posicionarem como motores do desenvolvimento regional através da investigação, inovação e transferência de conhecimento, muito para além daquilo que é a sua missão no domínio da educação e formação. Contudo, para já, importa reforçar essa missão!

A atual crise pandémica, com as suas consequências e ameaças, trouxe-nos o desafio de pensarmos coletivamente no: – Como? Como ultrapassar as dificuldades socioeconómicas que se avizinham “com os olhos postos no futuro”? Uma das respostas será seguramente uma forte aposta na formação e qualificação dos jovens que dentro de 3 ou 4 anos estarão preparados para integrar o nosso esforço coletivo de deixarmos de ter um “…pé numa galera, outro no fundo do mar”, na voz do Jorge Palma.

No atual quadro, é fundamental contar com a energia dos milhares de jovens que este ano terminam o ensino secundário e profissional. É necessário motivá-los para prosseguirem os estudos e concorrerem a uma das 51.408 vagas das licenciaturas disponibilizadas pelas universidade e politécnicos. No caso do Alentejo, 3249 vagas distribuídas entre a universidade de Évora (1248), e os institutos politécnicos de Beja (521), Portalegre (562) e Santarém (918).

Em grande parte, será a qualificação e a energia destes jovens que irá tornar possível a execução do pacote financeiro aprovado pela União Europeia, seguindo ou não a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030” de António Costa Silva. Por exemplo, equacionar a possibilidade de um plano de reformas antecipadas para os professores do ensino básico e secundário, implica, desde já, pensar que vamos necessitar de formar mais professores. É necessário antecipar esta necessidade, já!

Se os cursos de formação de professores e educadores são uma opção que deve ser considerada, contrariando a ideia e a imagem que temos professores a mais; é importante antecipar necessidades de qualificação noutras áreas do conhecimento e motivar os jovens para as possibilidades de formação. Para se percebermos a importância disto, Costa Silva vai ao pormenor de propor “kits pedagógicos ilustrativos das profissões” (p.83) para atrair estudantes do ensino secundário para a área das engenharias. É disto que se trata.

É verdade que nem todos os jovens têm intrinsecamente o sonho e a ambição de Yao, no filme com o mesmo nome de Philippe Gadeau (2018), para hesitarem entre serem mergulhadores ou astronautas… mas todos têm uma energia que pode ser potenciada com um curso de ensino superior. E quem sabe, como escritores, atores ou realizadores descobrirem que podem mergulhar e voar em simultâneo.

Aldo Passarinho
Professor Instituto Politécnico de Beja