A origem do canhão da Nazaré ainda está envolta em mistério, pois encontra-se numa zona geológica complexa. No entanto, considera-se estar relacionada com a falha da Nazaré, uma fratura da crosta onde existem movimentos que podem causar sismo
A ORIGEN DO Covid-19, está igualmente envolta em mistério, mas tal como com as ondas gigantes, que o Homem quer encontrar meios de ultrapassar, contornando-as, como só os melhores surfistas do mundo conseguem fazer, também no caso do Covid, a humanidade encontrou um desafio – e por acaso o maior desafio do mundo. Digamos que é o desafio para “Um milhão de dólares”, simbolicamente falando.
E esta semana, ambos os assuntos confluíram. Por um lado, tivemos um Estado (o Estado Português) que entre “reviengas” imperceptíveis à sua população, permitiu um ajuntamento de milhares de pessoas a assistirem ao rebentamento de ondas, por outro, temos os melhores surfistas do mundo a tentarem superar essas ondas.
O que ressalva desse momento é a desorientação que graça na nossa população, entre Estados de Contigência e Estados de Emergência, já ninguém se entende. Os sinais que o Estado passa são contraditórios e, antes de mais, para bem da nossa sanidade mental, o Sr. Primeiro-Ministro, ou a Sra. Ministra da Saúde deviam tirar dos holofotes comunicacionais um dos maiores desastres na área da comunicação – a Dra. Graça Freitas. São tantas as gaffes que a senhora já deu, com aquele estilo entre o maternal e o da “madrinha” de todos nós que nos faz ter sentimentos entre a pena e a ira. Mas o pior é que nos confunde.
As pessoas precisam compreender de uma forma assertiva e definitiva que têm de usar máscara. Ponto final. E deviam saber isso há muito tempo. Têm também de saber que se juntarem inadvertida e desnecessariamente com outras pessoas que estão a cometer uma Contraordenação, ou mesmo um crime, mas pior, têm de saber que estão a ser maus cidadãos, a colocar a vida de outros (e a sua) em risco.
Têm de saber que este fim-de-semana não podem circular, sobretudo para evitar que estejam em família, já que os números apurados indicam que é em convívios de família mais alargado um dos principais focos de contacto, pois as pessoas nesses momentos baixam as suas guardas.
As pessoas têm de compreender que estas medidas não são contra ninguém, nem são alarmistas, nem fonte de nenhuma conspiração internacional a beneficiar o Covid e contra todas as outas doenças, mas sim porque neste momento se essas medidas não forem tomadas o nosso sistema nacional de saúde não aguenta receber mais doentes, sejam eles Covid ou não Covid.
As pessoas têm de compreender que os nossos médicos(as) , enfermeiros(as) e restante pessoal da área da saúde está a atingir o seu limite físico. São Homens e Mulheres, que como Seres Humanos que são, precisam de descansar. Precisam de estar com as suas famílias e não conseguem fazê-lo. E temos de lhes criar condições para isso. Eles merecem-nos e n´so ainda vamos precisar deles com muita força, determinação e, sobretudo, coragem.
Termino dando-vos um exemplo pessoal: esta semana, pela primeira vez em muitos meses, o Benfica teve um jogo com público. Eu, dentro dos critérios que o clube disponibilizou, tinha acesso aos bilhetes. Quem me conhece sabe que eu não perco um jogo no Estádio da Luz há anos. Desta vez, por respeito, optei por não ir. Perguntam-me: foi por medo de apanhar Covid? A resposta é claramente não, até porque a probabilidade de apanhar é mínima e ao nível do que posso apanhar noutros locais. Não fui porque o jogo foi à noite, com mudanças de temperatura, propícia a constipações e entendi que este ano, mais do que nunca, todas as cautelas que possamos ter são poucas para as necessidades – minhas, da minha família e da comunidade, porque se eu for incomodar um médico ou um enfermeiro com uma constipação forte ou uma gripe, estou a ocupar-lhe um tempo precioso que ele pode precisar para tratar alguém que esteja numa situação bem mais necessitada. Este é o apelo e a reflexão que vos deixo. Mais vale prevenir, do que remediar. E o sistema de saúde já é uma manta de retalhos, quase completamente esburacada.
UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA
Paulo Edson Cunha
Advogado