A vitória desejada

Confesso que, tenho andado ausente destas colunas porque acredito que este tempo tem recomendado uma certa reflexão e a mesma aconselhar um balanço sobre a utilidade de emitir uma opinião. E logo, porque a mesma, muitas vezes, pouco acrescentará ao apetite do leitor. Isto é, que possa desinquietar e levar ao aprofundamento de certas questões que ajudem a modificar atitudes numa vida, que se quer mais sã na convivência com outros e porque não, com nós mesmos.

Este escrito justifica-se mais pela satisfação de porventura nos desfazermos de um tal Trump, plantado numa América descomandada, afastada dos grandes princípios de um humanismo necessário, de uma solidariedade internacional urgente e de uma preocupação efetiva com as alterações climáticas, que urge colmatar e por na ordem do dia.

Se é verdade que, hoje somos assolados pela preocupação imediata de uma pandemia a que não sabemos data de termo e que, nos aflige pelas consequências que vamos conhecendo, certo é que, até mesmo nesta matéria temos tido o mau exemplo de Trump. Mais que um homem sem carater e troca tintas, um Presidente de um país que é um continente, irresponsável na sua conduta e mais interessado com os ganhos que podem decorrer das participações tidas em sociedades detentoras de laboratórios que produzem remédios para a cura.

A possível vitória de Joe Biden, pelo menos alimenta-nos a expetativa de um mundo melhor, com participação mais responsável e ajuizada, repondo a bondade de certos Acordos internacionais, seja na Organização Mundial do Comércio, seja nas questões ambientais e das alterações climáticas e até na convivência política internacional, mormente no reconhecimento e respeito pela EU.

Ao longo da História sabemos da arrogância e da ignorância demonstrada pelos americanos, que se julgam o centro do mundo e que cultivam o sonho americano, capaz de descobrir oportunidades e dar nova vida aos desafortunados. Mas com Donald Trump foi-se longe demais, efeito potenciado pelo uso e abuso dos novos meios de comunicação, com recorrência abusiva do preferencial Twitter. Livrar-nos deste “lixo” diário já é uma virtude e um descanso. Podem crer que em matéria de COVID 19 em muito vai ajudar.

Dizia-me um amigo ser necessário abrir a janela e arejar o mundo, purificar a atmosfera tão toldada pelos ventos soprados dessa tal América de Trump. Queremos acreditar que assim seja. Sabemos que a refrega eleitoral se está a revelar muito renhida e que, um homem sem escrúpulos e sem dignidade política, tudo está a fazer para evitar a derrota.

Desejamos que, embora curta a vitória de Joe Biden, seja prenunciadora dessa tal brisa apetecida que torne o mundo mais saudável.

José António Contradanças
Economista / Gestor