Beja, capital do Sudoeste Ibérico

A observação topológica do espaço Alentejo, nas suas inter-relações com as regiões envolventes, permite identificar múltiplas possibilidades de trabalho em rede. Visualizar cartograficamente essas redes permite analisar, compreender e lançar as bases de “diálogo e convivência” que concretizam essas possibilidades.

Em janeiro deste ano, publicava eu, neste mesmo espaço, uma crónica de opinião intitulada “Observação Cartográfica do Alentejo”. Prometia “continuar”. E, com uma pandemia pelo meio, ou no meio de uma pandemia…Cá estamos!

Na crónica de janeiro, o pensamento cartográfico remetia-me para a minha imagem mental dos projetos “Corredor Azul” e “Corredor do Sudoeste Ibérico”. Se ao primeiro correspondeu um projeto cofinanciado pelo FEDER-UE, no âmbito do programa operacional INAlentejo do QREN 2007-2013, o segundo está vivo! E, não são os outdoors que vemos à entrada de Badajoz que o mantêm vivo. A ideia baseada numa imagem, numa visão do sudoeste ibérico, afirmou-se com todo o seu potencial de lobby e influência política. Em Espanha, mas também em Portugal.

No passado dia 28 de outubro tivemos oportunidade de assistir à apresentação do “Observatório do Baixo Alentejo”, onde o “Corredor do Sudoeste Ibérico” assumiu protagonismo nas palavras do seu Presidente Executivo – António Garcia Sales, quando descreve a influência espacial desta iniciativa, com uma imagem do espaço, entre “os rios Tejo e Guadiana, na sua ligação ao Oceano Atlântico” [sem fronteira]. Em entrevista ao Paulo Bernardino assumiu a importância do trabalho em rede nos diferentes núcleos de desenvolvimento do território: – juntos são mais do que cada um por si!

O lançamento do Observatório, para além de um momento simbólico assinalado por Jorge Bernabé, com a presença de António Costa Silva, assumiu-se como um ponto de partida “para um futuro com múltiplas possibilidades” no posicionamento do Baixo-Alentejo. Ao ouvir com atenção a intervenção de António Costa Silva, quando equaciona Beja como a capital do Sudoeste Ibérico, com base na sua conectividade; a palavra-chave está lá: – conectividade. Não há redes sem conectividade. Mas de que conectividade(s) falamos?

Ao visualizarmos Beja como a capital do sudoeste ibérico, naturalmente emergem as necessidades de conexão de infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, aeroportuárias e de apoio ao desenvolvimento socioeconómico. Mas tão importante quanto isso, importa a conectividade de estruturas de investigação e desenvolvimento, com capacidade para fixar massa crítica que efetivamente posicione Beja no centro da transformação do paradigma gestão dos recursos, da água, do solo… nas próprias palavras de António Costa Silva. Com os conhecimentos técnico-científicos, mas também a criatividade disruptiva para idear o futuro.

Aldo Passarinho
Professor Instituto Politécnico de Beja