Megaprojeto de 300 milhões promete nova vida ao Cais do Ginjal

Dentro de oito anos, numa extensão de um quilómetro, existirá um hotel com 160 quartos, 300 apartamentos, novas lojas e serviços diversos. Desbloqueado imbróglio com mais de duas décadas.

O Cais do Ginjal, em Cacilhas, Almada, vai finalmente ser reabilitado. Considerada como uma das zonas mais nobres do concelho, a frente ribeirinha, numa extensão de cerca de um quilómetro, deverá entrar brevemente em obras, dando lugar a um hotel, habitações, comércio e serviços. Uma remodelação reclamada há mais de duas décadas e que deverá ficar concluída oito anos após o início dos trabalhos. Ao todo serão gastos cerca de 300 milhões de euros.

Denominado pelos serviços camarários como “a porta de entrada fluvial de Almada”, o Cais do Ginjal (cujo Plano de Pormenor foi aprovado por todos os partidos no passado dia 2) ficará aos cuidados do Grupo AFA, o qual, como promotor, tem a incumbência de ali edificar um hotel com 160 quartos, mas também 300 apartamentos para habitação, diversas frações de comércio e serviços, equipamentos sociais e ainda um parque de estacionamento com capacidade para 500 viaturas.

De acordo com o que disseram ao Semmais os responsáveis do grupo, a área bruta destinada à construção compreende mais de 90.000 metros quadrados. “Para o Grupo AFA, o objetivo deste projeto é tornar o território abandonado do Ginjal num ícone da margem Sul e isso requer um investimento de 300 milhões de euros e uma duração de cerca de oito anos”, adiantou o promotor.

A câmara e o investidor trabalham na reestruturação do Cais do Ginjal desde 1999, ano em que o grupo madeirense iniciou a aquisição de vários imóveis e parcelas de terrenos e edifícios em ruínas a mais de 20 proprietários diferentes. Segundo o promotor, o processo envolveu “aquisições complexas em negociações com empresas proprietárias, mas sobretudo com particulares. A própria autarquia tinha, até então, consideráveis dificuldades em desenvolver a zona do Ginjal por falta de entendimento entre o elevado número de proprietários envolvidos”.

 

Porta aberta para a fruição urbana, mas também para o turismo

Resolvido o impasse, o Cais do Ginjal, diz a autarquia, “vai voltar a ser um espaço vivido da cidade de Almada, do concelho, mas também da Área Metropolitana de Lisboa”. “Nele coexistirão as várias funções urbanas que caracterizam uma cidade, desde os usos residenciais, complementados por atividades comerciais, mas também o turismo participa na dinamização deste território de uma forma particular, nomeadamente através da recuperação e readaptação da antiga fábrica de óleo de fígado de bacalhau, contribuindo para a manutenção da memória industrial do local”, disse ao Semmais um responsável municipal que solicitou o anonimato.

Os objetivos da câmara de Almada passam também pela “manutenção e requalificação das atividades de restauração existentes”. O projeto prevê também a manutenção e o reforço da oferta de infraestruturas culturais, nomeadamente com a construção de um grande equipamento municipal no local onde, atualmente, está a Casa Municipal da Juventude – Ponto de Encontro.

A edilidade salienta ainda “a melhoria das condições de mobilidade e de interligação deste território com a cidade, nomeadamente com o alargamento do cais e a melhoria não só das ligações com Cacilhas e com o jardim do Rio, mas também entre o cais e a Quinta do Almaraz, através do referido equipamento municipal que incluirá uma ligação entre a cota alta e baixa da cidade”.