De portas fechadas devido às medidas restritivas da pandemia, a associação cultural centenária Sociedade Harmonia Eborense (SHE), em Évora, afastou o risco iminente de encerrar definitivamente ao conseguir fundos através de uma campanha na Internet.
“Com o valor que estamos a conseguir e o que ainda iremos conseguir, acho que, pelo menos, podemos manter-nos seis a oito meses mesmo com a porta fechada”, afirmou hoje o presidente da SHE, Pablo Vidal, em declarações à agência Lusa.
Intitulada “E se a SHE fechasse?”, a campanha de angariação de fundos foi lançada no domingo na plataforma GoFundMe, com o objetivo de angariar 15 mil euros para a associação cultural, mas, por volta das 1200 de ontem, metade do valor, cerca de 7.500 euros, já tinha sido alcançado.
“Ficámos muito surpreendidos” com a “onda de solidariedade” que se gerou em torno da SHE, afirmou Pablo Vidal, adiantando que a associação tem recebido “mensagens de apoio” e alguns sócios menos ativos até voltaram a pagar as quotas.
Fundada em abril de 1849, a centenária SHE, declarada instituição de utilidade pública, tem a sua sede no edifício da antiga Pousada Real dos Estáus, desde 1902, em plena Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas” da cidade.
O presidente da SHE explicou que a campanha foi lançada devido às consequências do fecho da sede, no âmbito das medidas adotadas pelo Governo devido à pandemia de covid-19, e à manutenção das despesas.
“Temos encargos mensais com um funcionário e despesas com o aluguer (do espaço), luz e Segurança Social”, notou, referindo que a renda da sede paga pela associação ascende a cerca de 2.300 euros por mês.
Pablo Vidal assinalou que a associação conseguiu “manter a porta aberta” nos meses anteriores, mesmo com “uma lotação limitada a 40 pessoas” e “com perdas mensais”, salientando que, agora, com a casa fechada, a situação tornou-se “insustentável”.
“Esperamos que a pandemia passe este ano e que a coisa, pouco a pouco, normalize, porque precisamos de ter a casa aberta para os sócios e fazer o que é realmente sabemos fazer que são eventos culturais e dinamização cultural para a cidade”, frisou.
Segundo o responsável, antes da pandemia, a SHE organizava cerca de “140 eventos por ano”, entre concertos, exposições e outras iniciativas, com apoio de um bar, através dos quais conseguia obter rendimento.
A SHE tem cerca 10 mil sócios temporários por ano e 600 do universo de quase 2.000 sócios efetivos têm as quotas em dia.