Os dois partidos só devem concorrer em coligação em Almada, Montijo e Moita, havendo ainda possibilidades em Santiago do Cacém e Grândola. Em Setúbal a rutura gerou embaraços.
Está difícil o entendimento entre os dois partidos que nos últimos oito anos juntaram forças em eleições autárquicas no distrito. E só devem juntar os votos em Almada, Montijo, Moita e, eventualmente Santiago do Cacém e Grândola.
O Semmais sabe que as negociações já decorrem há muito tempo, mas, na maior dos casos, “têm derrapado numa inexplicável soberba dos dirigentes do PSD”, confirmam fontes centristas ligadas ao processo. A questão central parece residir no facto de o CDS estar com níveis muito baixos de popularidade e, segundo os social-democratas “não terem muito para dar nas próximas autárquicas”.
Este mal-estar, que nenhum dos líderes distritais, Paulo Ribeiro (PSD) e João Merino (CDS-PP) quer assumir, vai durar até pelo menos o final do mês, altura em que ambas as estruturas definiram para fechar os negócios eleitorais para outubro deste ano. “Nem tudo está a correr bem, mas continuamos a discutir as várias hipóteses com o nosso parceiro até 31 de março, cumprindo o que foi estabelecido”, reiterou João Merino. Já Paulo Ribeiro prefere confirmar os concelhos onde “é mais que provável o entendimento em Almada, Montijo e Moita, onde “pode vir a ser reeditada a velha AD”, aludindo à participação, para além do CDS-PP, do PPM e do MPT.
Setúbal, onde o PSD aposta forte em Fernando Negrão, que em 2009, conquistou, em coligação com os centristas, um dos melhores scores da direita – alcançando 25,43% dos votos e relegando o PS para o terceiro lugar -, ainda estava aberto até à última quarta-feira, mas a concelhia terá declinado o ‘ajuntamento’. As razões para deixar de contar com cerca de 1500 votos que o CDS diz manter, prendem-se, segundo as fontes do Semmais, com o facto de o candidato Fernando Negrão “querer um discurso mais virado para a esquerda”.
Almada salva por um triz e mal-estar e em Alcochete
Para se ter uma noção das dificuldades de entendimento, a coligação em Almada para as eleições de outubro passou por um triz numa eleição renhida na concelhia social-democrata almadense, com 8 votos a favor e 8 contra, com desempate da JSD.
E, mesmo sem ninguém querer assumir o ‘incidente’ político, está ainda no subconsciente dos social-democratas o facto de o CDS-PP, após as eleições de 2017, “ter ido a correr cair nos braços do PS em Alcochete” que ganhou a câmara, como refere uma fonte do PSD.
Ainda assim, os líderes estão mais ou menos confortáveis. O responsável máximo do PSD no distrito, Paulo Ribeiro, que é também recandidato em Palmela, já garantiu as candidaturas em Setúbal (Fernando Negrão), Alcochete (Pedro Louro), Almada (Nuno Matias), Bruno Vitorino (Barreiro), Luís Nascimento (Moita), João Afonso (Montijo), Bruno Vasconcelos (Seixal), Francisco Luís (Sesimbra), Luís Santos (Santiago do Cacém). Resta fechar Alcácer do Sal, Grândola, que poderá ser um candidato oriundo do CDS-PP, e Sines, onde o PSD não apresentou lista em 2017, e que nas eleições de outubro deste ano deverá concorrer com a única mulher das suas listas à presidência de câmaras.
No CDS-PP a espera tem dificultado o processo de escolha, mas João Merino garantiu ao Semmais que o partido “está a preparar tudo para concorrer a todos os concelhos do distrito”. Com exceção de Sines, onde os centristas estão tentados a apoiar um novo movimento de independentes.