Festival de Música volta aos Capuchos dirigido por Filipe Pinto-Ribeiro

O Festival de Música dos Capuchos regressa em junho, sob a direção artística do pianista Filipe Pinto-Ribeiro, 20 anos após a última edição, com uma homenagem a Alfred Brendel, a evocação de Astor Piazzolla e o pianista Stephen Kovacevich.

A programação adiantada à agência Lusa pelo diretor artístico prevê ainda atuações do alaudista Hopkinson Smith, do trompetista Sergei Nakariakov, do bandoneonista Marcelo Nisinman, das violinistas Viviane Hagner e Karen Gomyo, assim como de músicos e agrupamentos portugueses, como o Officium Ensemble, com o objetivo de atravessar cinco séculos de música, tantos como os de vida do convento, que acolherá ainda o “Cântico do Sol”, obra-prima da compositora russa Sofia Gubaidulina.

O Festival foi fundado por José Adelino Tacanho, em 1981, que morreu em setembro de 2004, e que assumiu a sua direção artística até 2001, altura em que realizou a derradeira edição, suspendendo o projeto, por falta de financiamento. Em 2005, a Câmara de Almada tentou reativar o festival, com o maestro Victor Roque Amaro (1950-2015), que reconheceu, numa entrevista à imprensa, ser “uma herança muito difícil de aguentar”.

Em declarações à Lusa, Filipe Pinto-Ribeiro sublinhou que o Festival, sob a direção de Tacanho, foi “uma referência de qualidade”, e é “a partir das 21 edições anteriores do Festival que, nas décadas de 1980 e 1990, se tornou uma referência dentro e fora de portas”, que o pianista parte para um “renascimento” que considera “uma iniciativa louvável da câmara de Almada, em contraciclo com as grandes dificuldades por que passa o país e, especialmente, o setor cultural”.

O “novo” festival tem como conceito “Cinco Séculos de História e Cinco Séculos de Música”, refletindo os 500 anos de história do Convento dos Capuchos, mandado erigir em 1558 por Lourenço Pires de Távora.

“A ideia é abordar a história da música, desde a construção do Convento, em meados do século XVI até aos nossos dias. Cinco extraordinários séculos de criação e interpretação musicais, desde o Renascimento até à música contemporânea”, acrescentou.