Melhor Informação, mais Participação, melhor Democracia

Numa conversa de café concertamos o mundo. Acho que este problema se resolveria se… e discorre-se em torno da almejada solução. O “achismo” é comum aos treinadores de bancada, aos “tudólogos” que nos invadem os televisores apesar de nos afadigarmos no zapping e aos “populistas” sejam eles de direita ou, de esquerda. Em comum têm o talento exibir pretensos “ovos de Colombo” ignorando que soluções facilitistas custam os olhos da cara, e o desprezo pela democracia e pelos seus processos de decisão.

A Democracia é um sistema caro e moroso: para tomar uma decisão é necessário enquadramento legal, estudos, pareceres, consultas públicas. Desejavelmente, promove-se a participação dos cidadãos estimulando a discussão das propostas, publicitando-as adequadamente e finalmente, incluindo todos contributos que permitam melhorar a solução final. Infelizmente, em Portugal, as coisas nem não se passam assim, e a tentação de conduzir um processo de decisão de forma centralizada faz com que a consulta se torne num instrumento meramente formal o que conduz à adpoção de soluções de pior qualidade e a um descrédito das instituições democráticas.

A participação é vista por muito boa gente como um empecilho e uma limitação do poder, isto acontece a todos os níveis: nas empresas que resistem a informar e ouvir os trabalhadores  relativamente à promoção de  melhores condições de trabalho; nas autarquias que só a contragosto sujeitam  a construção de infraestruturas municipais a uma consulta pública; no governo que coloca os parceiros sociais perante versões finais de projectos e diplomas, em lugar de os auscultar e desde o primeiro momento.

A Democracia alimenta-se de informação, por isso, a desinformação que circula abundantemente em todas as redes sociais, é tão perigosa. Os vendedores de banha da cobra intoxicam a opinião pública numa tentativa de fazer passar por óptimas, soluções que são de facto medíocres, más ou, inadmissíveis. O medo, a ansiedade, a frustração, a inveja, o sectarismo são maus conselheiros. Temos que ser exigentes relativamente à qualidade da informação que consumimos porque cidadãos bem informados tomam melhores decisões.

A Democracia vive de participação, da sua participação. Este é um ano de eleições autárquicas. A abstenção não é uma opção. Agora, é o momento para construir uma decisão informada: avaliar as promessas que ficaram por cumprir; conhecer, compara e discutir propostas e programas eleitorais; formar uma opinião. Se lhe prometerem a lua, desconfie. Exija rigor. As conversas de café não passam disso mesmo… o direito de voto é poder.

CRÓNICAS DISTO E DAQUILO
Catarina Tavares
Dirigente Sindical