É normal que os territórios, as empresas, as instituições e as mais diversas associações tudo façam para conseguir captar recursos financeiros que permitam manter a sua atividade e desenvolver novos projetos que as impulsionem para um futuro melhor. Este sentido de urgência é ainda maior quando vamos tateando os caminhos para a saída da brutal crise económica, social e sanitária que nos tem vindo a assolar.
A União Europeia esteve à altura do desafio ao aprovar um plano de apoio solidário e robusto com um significado político extraordinário e uma importância prática indiscutível. Foi, no entanto, ainda demasiado igual a si própria na aplicação dos procedimentos, que embora mais rápidos que o normal, têm sido indiscutivelmente lentos para aquilo que a emergência pedia.
Embora muitos dos recursos propiciados pelas respostas europeias já estejam a ter o seu impacto no nosso país, designadamente através dos programas decorrentes dos financiamentos alavancados pelo Banco Central Europeu e pela antecipação pelos mercados dos efeitos do Quadro Plurianual de Financiamento 2021/2027 e pelos Programas de Recuperação e Resiliência, a chegada dos primeiros financiamentos provenientes destes dois potentes quadros de financiamento só deve acontecer no início do segundo semestre. Até lá não temos razões para ficar parados. Há muito trabalho de casa fundamental para fazer.
O Portugal 2020 e o Alentejo 2020 estão longe de estar executados. Uma das razões para esse atraso deve-se à falta de capacidade instalada no nosso país para, nas mais diversas especialidades e competências, para ser possível concretizar no terreno os projetos já aprovados. A crise do início da década anterior, com a estratégia de empobrecimento que foi aplicada pelo governo de então, submisso aos ditames da troika, diminuiu muito a capacidade produtiva instalada no nosso país. Temos um estaleiro depauperado em muitas áreas fundamentais da capacidade criativa, de desenvolvimento, de planeamento e de concretização.
Por tudo o que escrevi, partilho duas recomendações, com validade para todo o país e em particular para o nosso Alentejo. Foquemo-nos a aproveitar todos os recursos de recuperação já disponíveis, a executar com qualidade o que falta do Alentejo 2020 e a capacitar os territórios e os agentes promotores para estarem à altura de tirar rapidamente partido com qualidade do novo ciclo de financiamentos, assim que estiver disponível. O tempo de repor o estaleiro é pouco visível, capta pouca atenção e não é o mais apetecível em tempo de legítima pré-campanha eleitoral no plano autárquico, mas é o mais importante que todos juntos podemos fazer agora, para que as coisas corram bem no futuro próximo. Sem Mais.
Carlos Zorrinho
Eurodeputado PS