Hospital de Setúbal em risco de perder eficácia

Fecho do Outão e transferência de valências não são contempladas de modo satisfatório nas obras futuras. Faltam médicos em quase todas as especialidades.

O Centro Hospitalar de Setúbal corre o risco de ser desqualificado, seja por falta de pessoal clínico, seja por deixar de possuir condições físicas adequadas para albergar todas as especialidades existentes. O alerta é dos próprios chefes de serviços, da Ordem dos Médicos e do Sindicatos dos Médicos da Zona Sul.

Com o encerramento do Hospital Ortopédico do Outão (que será transformado numa unidade turística) e a transferência dos serviços que ali existem para o Hospital de São Bernardo, este perde espaço físico, uma vez que as obras de ampliação previstas não só não correspondem às necessidades reclamadas, como estarão atrasadas. “O plano de obras não é satisfatório”, disse ao Semmais Jorge Espírito Santo, dos corpos gerentes do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, sublinhando que o que se prevê construir não será suficiente para albergar a quantidade de serviços que serão transferidos.

Os médicos do Hospital de São Bernardo já por duas ocasiões que deram conta das dificuldades que se avizinham, esclarecendo, através do sindicato, que muitas especialidades são neste momento deficitárias em termos de efetivos. Estão nessa situação a oncologia, a cardiologia, a medicina interna e os cuidados intensivos, entre outras. Esta situação, alertam, fará com que em breve decresça a confiança dos utentes nos serviços prestados e que o hospital veja reduzida a sua classificação.

 

Chefias alertam para importância de garantir assistência e qualidade

“Os serviços instalados no Hospital do Outão (Ortopedia, Cirurgia Plástica, Fisiatria, Medicina Interna e Imagiologia) não se podem transferir liminarmente para o novo edifício a construir, sem garantir previamente que o seu movimento assistencial e a qualidade do seu desempenho sejam salvaguardados (número de camas e de salas operatórias, número de gabinetes de consulta, capacidade de reabilitação funcional dos doentes operados) e, em simultâneo, que tal não venha a redundar em prejuízo do funcionamento dos restantes serviços já existentes no Hospital de S. Bernardo”, conforme consta de uma moção aprovada no dia 8 de abril, após reunião entre o conselho clínico do Centro Hospitalar de Setúbal e as várias equipas e chefias que ali laboram.

O pessoal clínico, no mesmo encontro realizado em Setúbal, considerou também que “a capacidade instalada, em meios tecnológicos, não é compatível com o adequado tratamento da população que serve, sendo isso sobretudo patente ao nível dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica”.

“A progressiva precarização dos seus quadros que abrange a grande maioria dos serviços, irá, a muito curto prazo, conduzir à total inviabilização do CHS como Hospital da Cidade Capital de Distrito”, alertam ainda os signatários do documento, que sublinham o facto de muitos médicos estarem a ponderar a possibilidade de escolherem outros locais de trabalho.

O Semmais tentou obter esclarecimentos por parte da administração do Centro Hospitalar de Setúbal, não tendo recebido qualquer resposta.