MIM ‘abraça’ CDS em Palmela com José Calado à cabeça

Pressionado pelo Chega, com um pé no movimento liderado por Carlos Sousa e sondado pelo PSD, o líder do MIM abraçou a candidatura centrista. E diz que “é para ganhar”.

O candidato surpresa das autárquicas de 2017, José Calado, líder do MIM – Movimento Independente Pela Mudança, que foi um dos responsáveis pela retirada da maioria absoluta da CDU em Palmela, vai ser apresentado amanhã como cabeça de lista do CDS-PP à autarquia palmelense na presença de Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do partido.

José Calado, vereador e presidente dos Bombeiros Voluntários do Pinhal Novo, está “muito otimista” com a candidatura que, segundo sublinha o próprio ao Semmais, “é para ganhar”. E promete “uma campanha muito dinâmica, com gente do MIM e do CDS-PP com forte ligação à terra, provas dadas e muitas ideias para mudar as políticas no concelho”.

Com cinco mandatos à frente da corporação de bombeiros do Pinhal Novo, a freguesia com maior dimensão eleitoral no concelho, José Calado foi muito disputado pelas forças políticas locais, desde o Chega ao Movimento Cidadãos pelo Concelho de Palmela, liderado pelo ex-presidente do município Carlos Sousa. “Foi uma decisão ponderada, mas a proximidade com algumas pessoas do CDS e as ligações ideológicas foram decisivas”, diz o candidato, lembrando que as dificuldades colocadas aos movimentos independentes “também tiveram a sua influência”.

No caso do Chega as “pressões foram grandes”, mas o “abanão positivo” do aparecimento deste partido revelou-se “uma certa desilusão” com “o que veio a seguir”. E quanto ao movimento de Carlos Sousa, apesar de ter havido “muitos contatos iniciais”, José Calado explica que começou a haver “perspetivas muito diferentes, exigências que não faziam sentido e a tentativa de trazer consigo muitos amigos zangados com o partido (PCP)”. “Fomos sempre francos um com o outro, mas não dava para seguir o mesmo caminho”, afirma ao Semmais.

As expetativas estão em alta e podem beliscar o eleitorado do PSD, partido que, segundo José Calado, também o tentou. “Mandaram algumas pessoas falar comigo e sei que estão preocupados com a nossa candidatura”, afirma o candidato do CDS-PP.

 

Social-democratas não quiseram juntar-se a um CDS fraquinho

A coligação entre CDS-PP e PSD em Palmela nunca chegou a ver a luz do dia por decisão dos social-democratas. “Essa história das coligações no distrito entre os dois partidos haverá ser contada um dia, mas agora o que interessa é que em Palmela podemos fazer mossa com esta candidatura de José Calado, que é muito forte”, diz João Merino, presidente da distrital dos centristas.

O Semmais sabe que a posição do PSD foi sempre irredutível por achar que neste momento o CDS-PP é fraco eleitoralmente. “É uma pena que os dirigentes do PSD não tenham percebido o que podemos acrescentar nestas autárquicas nem o capital humano dos nossos quadros”, acrescenta o líder da distrital.

Nos treze concelhos o CDS vai apenas integrar com o PSD as listas de Almada, Montijo, Moita, Grândola. Faltando acertar detalhes com o mesmo objetivo em Alcácer, Santiago do Cacém e Sines, onde os social-democratas ‘perderam’ a candidata Ana Calca Figueira num anúncio feito no Facebook.

Para além de Palmela, estão fechadas as candidaturas com a sigla do partido em Alcochete, com aposta no vereador Vasco Pinto; e no Barreiro, onde concorre o presidente da concelhia Hélder Leal Rodrigues. Na próxima semana deverão ser conhecidos os candidatos no Seixal, Sesimbra e Setúbal, em coligações que envolvem o Aliança e o MPT. A escolha em Sesimbra deverá recair sobre um ator “bastante conhecido” e para Setúbal está na calha uma mulher que é também dirigente nacional do partido.