Turismo 2021. Três Passos. Um Longo Caminho.

Na primeira semana do resto das nossas vidas o turismo regressa. Em que condições regressa é a interrogação do momento. Três passos serão decisivos para determinar o que nos espera até final do ano. E o final do ano será sempre o final de um pequeno ano em que três meses se perderam e os outros nove continuam a ser, em larga medida, uma interrogação.

O primeiro grande passo é controlar a pandemia. Com pandemia não há turismo ou, como temos assistido, há turismo aos soluços. Ora é o Reino Unido que nos coloca no “vermelho” ora é a Alemanha que olha para o Algarve com desconfiança (o que aconteceu apenas há duas semanas). Por isso o maior contributo para o turismo é a imunidade de grupo. Tudo o resto são aproximações. Aproximações com avanços e recuos e que fazem com que qualquer investimento na promoção dos nossos destinos possa não passar de precipitações. E o dinheiro (em particular o dinheiro dos contribuintes ou seja o seu) nunca foi tão caro. Nem tão oportuno saber gastá-lo. Às vezes “fazer de morto” é a maior prova de vida.

A boa notícia é que a vacinação está a correr bastante bem. Elogio a quem a organiza. Elogio a quem a põe no “terreno” ou seja nos nossos braços. Esta é a ação decisiva para o turismo. Não apenas em Portugal mas por toda a Europa onde estão os nossos principais mercados. E nos EUA, Brasil e China onde estão alguns dos nossos ex-futuros principais mercados.

O segundo grande passo é salvar as empresas. É a lei “da oferta e da procura”. Se quando chegar a procura não houver oferta valerá de pouco todo o esforço que fizemos. As empresas do turismo e todo o saber que construíram ao longo das últimas duas décadas são o centro da nossa oferta. Manter os apoios mais um pouco é o que poderá fazer a diferença. As pessoas que são o rosto do turismo estão desejosas de ver o rosto dos turistas. E os turistas são hoje um contributo decisivo para a riqueza das nossas comunidades e até para a alegria das nossas cidades e dos nossos territórios.

O terceiro passo é o transporte aéreo. Neste ano de pandemia, entre março de 2020 e fevereiro de 2021, houve uma quebra de 80% (80% !!!) no número de passageiros desembarcados nos aeroportos portugueses. Se pensarmos que na Região de Lisboa o turismo internacional “valia” 90% do turismo está tudo, ou quase tudo, dito. Falta dizer, para sermos realistas, que a oferta existente está dimensionada para uma procura internacional. Apenas o mercado interno não é suficiente para manter as empresas e o emprego no turismo tal como o conhecemos.

Podendo parecer que esta realidade não nos “toca” ou não nos afeta atentemos na evolução para a crescente internacionalização do turismo na nossa Região. Em Almada os turistas internacionais são 70% do total, em Sesimbra 51%, em Setúbal 48% (tudo indicadores de 2019). Imaginem que eles por arte mágica desapareciam. Desapareceria, com eles, uma parte muito significativa da nossa realidade turística.

Querem, por isso, saber do turismo? Acompanhem a taxa de vacinação. Aqui e em todo o lado. Está aí a chave do futuro do turismo. Um longo caminho nos espera. Com ou sem surpresas. Talvez o futuro seja diferente do passado recente. Talvez nem tanto. Quem sabe?

Ah, no passado fim-de-semana foram administradas 183.000 vacinas. Grande notícia para o turismo. Para além de grande notícia para a vida de tantas e de tantos.

Turismo Semmais
Jorge Humberto
Colaborador