Vivemos tempos em que se fala muito de questões de ética, mas poucos se dão ao trabalho em perceber que há diferentes éticas de acordo com as atividades e no caso específico na arte governativa da política. Em período de futebol europeu, os governantes – tímidos, procuram agilizar práticas e implementar decisões que podem passar despercebidas à generalidade dos cidadãos. Qual a razão para terem estas práticas? Culpa dos próprios governantes e da comunicação social? Sim, mas os primeiros responsáveis são os cidadãos pelas escolhas que fazem democraticamente no ato de votar e nas audiências que permitem a alguns órgãos de comunicação social.
Há décadas que Portugal é governado pela mesma classe política com uma doutrina mais vermelha ou mais cor-de-rosa, que tem conduzido o país a uma regressão saudada por muitos, porque apreciam viver sempre à custa dos outros.
Antigamente, vivia-se em torno dos três F’s, agora vive-se do mesmo modo em redor dos três f’s, substituindo Fátima por familia. Esta devido às cumplicidades em diferentes níveis do clientelismo político e partidário não cultiva o artista para governar, nem torna os cidadãos livres na causa pública. Atendamos às listas dos cargos diretivos e nas eleições autárquicas, onde se encontram de forma transversal as ligações familiares, acrescentadas muitas vezes por “animais” fantasmas para compor o ramalhete, porque os partidos ao invés de fazerem trabalho para crescerem eleitoralmente, criam centros de emprego.
É preciso incutir a liberdade e responsabilidade de cidadania no ensino básico, para que possamos ter um Portugal mais evoluído e em crescimento económico daqui a duas gerações e meia. Sabemos de antemão que a esquerda só convive e bem com classes pobres, enquanto as suas elites convivem com caviar de qualidade sempre que podem.
Há legislação que não foi revogada, além da tal famosa Lei de 1974; mas dizíamos que há legislação que se mantém vigente. É inconcebível que um agente do Estado possa partilhar dados de cidadãos portugueses a um Estado estrangeiro que não cumpre os direitos humanos, acreditamos que aquele agente está no limiar da traição à Pátria. Ficamos estupefactos quando alguns ficam satisfeitos com um pedido desculpa, apesar da bênção de pilatos vinda de Belém.
A ética na política não se compagina com leviandades familiares em cargos, governamentais ou listas autárquicas, para não falar nos negócios cruzados. O país empobrece porque todos assobiamos para o lado, quando somos confrontados com atos e fatos desta natureza, os quais já ultrapassaram a decência da política e o vírus pandémico ataca na Magistratura e na sua órbita.
Estar na política é uma missão de serviço público e quando se tem responsabilidades tem que se possuir cunho e pensamento para arte, mas acima de tudo não se pode estar na atividade política sem ser livre, os partidos políticos não podem ser novos centros de emprego para carreiras profissionais.
O País já deu provas de ter quadros capazes, é forçoso regenerar e expurgar certas árvores apodrecidas que contaminam uma floresta inteira que até sobrevive aos incêndios e às mortes de cidadãos nas mãos de agentes do Estado.
Sabemos que esta missão é difícil, a qual não virá de muitos setores da comunicação social porque eles também lutam para sobreviver, estas reformas terão que vir da sociedade no seu todo.
Espaço livre e aberto
Zeferino Boal
Colaborador