Oferecer conhecimento está na génese de um projeto que, após concluído, pretende devolver vida a um edifício emblemático para a vila piscatória, para o concelho e as suas gentes.
Já foi um salão de recreio popular, repartição de finanças, uma associação de numismática e filatelia, casa de escolas de samba, galeria de arte, sala de espetáculos e até acolheu as icónicas Mercearia e Cervejaria Ideal. Mas, agora, aprovada que está a candidatura apresentada pela câmara de Sesimbra ao EEAGrants – mecanismo financeiro plurianual financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega -, o edifício da Rua Dr. Aníbal Esmeriz, datado do final do século XIX, vai ser transformado num Centro de Conhecimento e Cultura Marítima.
O projeto de reabilitação do antigo prédio, situado no coração da vila, pretende devolver o espaço à comunidade, mas, sobretudo, disse ao Semmais o presidente da câmara de Sesimbra, estabelecer uma ligação com o Museu Marítimo, “do ponto de vista de coesão, relativamente ao processo museológico”.
“O nosso Museu Municipal, concentra vários elementos: o Museu Marítimo é aquele que é o expoente maior, na fortaleza, o Centro de Cultura e Conhecimento Marítimo será também um deles, mas temos espalhado pelo concelho, a Moagem de Sampaio ligado à ruralidade, as pegadas dos dinossauros no Cabo Espichel e o próprio Castelo de Sesimbra. Todos estes espaços fazem parte do conceito lato do Museu Municipal”, explicou Francisco Jesus.
Neste contexto, no futuro Centro de Conhecimento e Cultura Marítima vão ser criadas áreas para mostras de coleções de arqueologia e etnografia, espaços para atividades educativas, uma sala multiusos, uma reserva visitável e um laboratório de investigação e restauro. “Toda a equipa da cultura vai ali ficar sediada. É a partir dali que vamos gerir este conceito do Museu Municipal muito entroncado, obviamente, nesta vertente ligada ao mar, aos pescadores e à pesca”, avança o presidente do município.
Projeto prevê intercâmbios com investigadores noruegueses
Simultaneamente, de modo a “valorizar a economia local e a produzir conhecimento sobre o mar”, vão ser estabelecidas colaborações com entidades do concelho, universidades, outros espaços museológicos e especialistas. O objetivo, de acordo com a autarquia, passa por promover ações de promoção do “património cultural costeiro, que incluem, por exemplo, o intercâmbio entre promotores locais e investigadores portugueses e noruegueses, nos domínios da arqueologia, museologia, biologia, transformação de pescado, pesca sustentável e construção naval tradicional em madeira, bem como formação nos domínios da conservação, restauro e acomodação de coleções museológicas, seminários e exposições”.
Um conjunto de projetos e atividades que não deixa à margem a recuperação da tradicional Mercearia Ideal. Equipada com o mobiliário original, vai servir de ponto de venda de produtos locais. Para Francisco Jesus, este é “mais um espaço de afirmação daquilo que é a nossa identidade, não perdendo esta relação com os nossos pescadores e a nossa comunidade piscatória, que vão fazer parte também deste Centro de Cultura e Conhecimento Marítimo”.
A implementação do projeto implica um investimento na ordem de 1,3 milhões de euros, comparticipados pelo EEAGrants em 750 mil. As portas devem abrir ao público entre o final de 2024 e o início de 2025.