Amigos, amigos, eleições autárquicas à parte

Com o aproximar das eleições autárquicas, diversos protagonistas do PS na região de Setúbal atropelam-se nos órgãos de comunicação social, não com ideias ou projectos, mas a demonstrarem quem é mais amigo de António Costa para que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) dê particular atenção aos territórios onde se candidatam.

Compreende-se que, na falta de uma visão integrada e estratégica para a península de Setúbal, o refúgio seja o campeonato do amiguismo e a esperança de que o PRR seja usado como moeda de troca de favores partidários e não como um instrumento ao serviço do desenvolvimento da região e do país, capaz de superar obstáculos e promover a melhoria das condições de vida.

É bonito serem amigos do 1º Ministro, a amizade é uma coisa importante e deve ser valorizada. Já vimos que no PS a levam a sério e que foi o suficiente para mudarem de opinião sobre questões estruturais para a região como o Novo Aeroporto, a amizade a António Costa e ao Governo PS falou mais alto que os interesses da região e do país.

No entanto, para os que têm uma visão distinta da política, para os que a veem no sentido aristotélico da arte do bem comum, a alternativa que se apresenta como a grande força de esquerda no poder local democrático, que transporta consigo um projecto transformador e o compromisso inquebrantável com a defesa dos interesses das populações da região, é, como sempre foi, a CDU.

Apresentando-se como força de Abril, a CDU reafirma para estas eleições um conjunto de objectivos regionais prioritários, dos quais destaco: o desenvolvimento dos sectores produtivos da economia regional; a defesa da gestão pública da água e do saneamento (com particular ênfase em Setúbal, através do regresso à gestão municipal, após o fim da desastrosa concessão celebrada pelo PS em 1997); a reversão da privatização da gestão de resíduos, com o regresso da AMARSUL à esfera pública; a reposição das freguesias extintas pelo governo PSD-CDS; aposta na formação integral dos indivíduos, com a universalização da oferta pública da rede de educação pré-escolar; o desenvolvimento de políticas integradas especialmente dirigidas à juventude; a generalização e democratização do acesso à produção e fruição cultural e da prática da cultura física e do desporto, apoiando o movimento associativo e desenvolvendo a rede de equipamentos municipais; a defesa do aumento da oferta de todos os modos de transporte público, reforçando o financiamento do OE, valorizando o passe social intermodal; a expansão do Metro Sul do Tejo; a construção da terceira travessia rodoferroviária entre Barreiro e Chelas; a construção faseada do Novo Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, desenvolvimento da actividade portuária e a sua articulação designadamente com a ferrovia; o combate à especulação imobiliária e a resolução dos problemas de habitação.

Perante um PS esgotado, sem ideias e soluções, sem os protagonistas à altura dos desafios da região, um PS cujos compromissos não se identificam com os interesses e ambições das populações dos concelhos da península de Setúbal, fica ainda mais claro, se dúvidas persistissem, que só o reforço da CDU e da sua presença nos órgãos autárquicos da região poderá garantir uma perspectiva de desenvolvimento estratégico da região que se traduzirá numa efectiva melhoria das condições de vida, na defesa dos direitos dos trabalhadores, na protecção dos valores ambientais e culturais aqui existentes e que marcam a nossa identidade regional comum.

Com a CDU, a região de Setúbal tem a garantia de que os projectos e a sua concretização dependem da sua importância para as populações, para a resolução dos problemas e para a criação de condições para o desenvolvimento e não do amiguismo com este ou aquele detentor de cargo público.

João Afonso Luz
Jurista