Trabalhadores dizem que não são aumentados há nove anos e que a frota atual deixa muito a desejar, sendo frequentes as avarias e a consequente supressão de travessias.
As frotas da Transtejo e da Soflusa, que fazem a ligação marítima entre as duas margens do rio Tejo na zona de Lisboa, vão parar por três dias. A greve, decretada pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), vai decorrer entre os dias 21 e 23 deste mês. Questões salariais e de operacionalidade das embarcações estão na origem do protesto.
“Há quase nove anos que não há aumentos salariais nas empresas”, disse ao Semmais o sindicalista Dinis Borges, acrescentando que grande parte dos trabalhadores da Transtejo e da Soflusa auferem “pouco mais do que o ordenado mínimo nacional”. “Neste momento ainda decorrem negociações entre o sindicato e a administração das empresas, mas a resposta que temos por parte destas é que a decisão final compete à tutela, pelo que não conseguem dar qualquer indicação sobre os problemas apresentados”, adiantou.
A greve deverá ter a adesão dos cerca de 400 trabalhadores das duas empresas, prevendo-se que seja seriamente afetada a ligação entre as duas margens. “A Transtejo tem quatro carreiras e a Soflusa uma. Todas deverão paralisar nos três dias de protestos”, disse o mesmo sindicalista, avançando também que as duas entidades são responsáveis pelo transporte diário de cerca de 20 mil pessoas.
Dinis Borges, assim como Carlos Costa, outro sindicalista contactado, disse também que os funcionários apontam deficiências diversas às frotas. “No total são 14 embarcações, mas há dias em que só dez estão ao serviço, porque as restantes estão avariadas. As reparações demoram muito tempo e quem sai mais prejudicado são sempre os passageiros, que têm de se sujeitar a mais demoras e a piores condições”, frisam.
Os sindicalistas referem, por outro lado, que os próprios quadros das empresas são insuficientes para fazer face às necessidades. “Não sei precisar quando foi a última vez que alguém foi admitido para os quadros, mas sei que ambas são deficitárias em pessoal. Falta gente para trabalhar não só nas embarcações, mas também nas restantes funcionalidades”, acrescentou Dinis Borges.
A FECTRANS admite que, caso as negociações para resolução dos problemas agora denunciados não cheguem a bom porto, é provável que novas greves venham a ser convocadas.