Partido Socialista vence eleições autárquicas

Em qualquer tipo de competição é reconhecido como vencedor quem alcança no final a maior vantagem sobre os demais.

As eleições autárquicas que tiveram lugar, no dia 26, foram uma competição política, entre partidos e movimentos de cidadãos. Os resultados finais tornaram claro que o Partido Socialista (PS) foi aquele que, apresentando-se isoladamente ou em coligação, teve o maior número de votos, o maior número de presidentes de câmara, o maior número de juntas de freguesia e o maior número de mandatos.

A perda da Câmara de Lisboa é um facto negativo? É, claro, mas o resto do país não é paisagem. E a vitória do PS a nível nacional é isso mesmo, uma vitória. Não vale a pena acrobacias de retórica por parte da direita. Percebemos que possam ter de fazer prova de vida dentro dos próprios partidos, mas convinha não passarem atestados de menoridade aos eleitores, na apreciação dos resultados.

Voltou-se a confirmar que só os demais três partidos, para além do PS, que têm desde a aprovação da Constituição de 1976, representantes na Assembleia da República, alcançaram sempre presidências de câmaras e também nas últimas, mas ainda assim muito distanciados do PS. Expressivas 40 câmaras separam os resultados do PS do PSD.

O PCP coligado com os Verdes perde 5 municípios e fica com 19 e o CDS, isoladamente, tem 6.

Os demais partidos representados no parlamento, ou seja, o Bloco de Esquerda (BE), que reduziu substancialmente os 12 vereadores que tinha, o Chega e a Iniciativa Liberal (IL) não conquistaram qualquer presidência de câmara.

A vitória do PS é assim inequívoca e o facto de, no final da competição política, se constatar ao avaliar o que se passou, que num ou noutro lance, ainda que inesperado, um dos competidores conseguiu em algumas jogadas ter levado a melhor, como na própria capital, Lisboa, isso não subverte o resultado final.

Admitir o contrário será o mesmo que concluir que quem perde no terreno de forma concludente tem o direito de, por mera propaganda, cantar vitória. A técnica de subverter os resultados é propaganda enganadora.

Como ponto de honra, afirmo a vitória do PS com a humildade de quem respeita os cidadãos que não votaram nele e que, ao fazê-lo, concorreram para a dignificação da democracia.

Nesta minha reflexão é impossível não abordar o distrito de Setúbal. Invertendo o caminho de sempre, o PS conquista em eleições autárquicas o maior número de votos, o maior número de mandatos, passa a ter o maior número de presidências de freguesia e conquista um dos principais bastiões da CDU, a Moita, que se junta aos 5 concelhos onde o PS já era poder e em que Alcochete, Barreiro e Sines garantem maioria absoluta, Almada afirma e reforça a sua vitória e Montijo assume novamente a presidência.

Em quase todos os demais municípios houve crescimento do PS, de Setúbal a Sesimbra, passando por Grândola, Seixal e Alcácer do Sal, com Santiago do Cacém a resistir.

Mesmo em Palmela, se se relevar, como se deve, a participação de um movimento independente de um ex presidente da câmara deste concelho, temos a explicação para o resultado do PS que ainda assim manteve o número de vereadores e o PCP desce perto de dois mil votos.

A análise dos resultados finais evidencia a grande vitória do PS no distrito de Setúbal e a queda significativa de partidos com representação parlamentar que tinham eleitos locais nesta região, ou seja, o PSD, o BE, o PCP, o CDS e o PAN.  No distrito o Chega vem a eleger três vereadores e membros noutros órgãos, ocorrência a acompanhar.

Sem prejuízo de tudo o que antecede o facto de ter havido mais uma vez no país uma muito elevada abstenção, que tem a ver, com um crescente divórcio dos cidadãos da política, que entre outras consequências conduz ao desinteresse e ao afastamento de muitos de entre os mais habilitados, implica que todos, a começar pelos partidos, priorizem uma análise aprofundada do que tem e deve ser feito para alterar este estado de coisas. E já, agora, que se passe da análise aos atos.

Dirigindo-me a leitores maioritariamente do distrito que têm por círculo eleitoral o Distrito de Setúbal e votaram nele, não posso deixar de os saudar pela participação que tiveram, independentemente do partido ou movimento em que votaram

Qualquer partido ou movimento que nestas eleições se apresentaram a sufrágio nas eleições autárquicas não representa senão parte dos cidadãos do município, na percentagem que obtiveram, cabendo, porém, a quem tiver a responsabilidade executiva, saber prevalecer o interesse geral do município, sem prejuízo do diálogo que deve ser salvaguardado, mas sem cedência naquilo que são os pilares dos princípios que o PS defende.

A política de proximidade com os cidadãos deve estar sempre presente, com espírito de servir e conscientes da transitoriedade do poder, porque esta consciência, permanente, é o melhor alerta para travar a sobranceria e a arrogância, praticada, aliás, durante tanto tempo pelo PCP, e que vai tendo agora a fatura passada.

Eurídice Pereira
Deputada PS