O IC1 voltou a ser palco de mais uma morte, desta feita próximo de Águas de Moura. Universidade de Évora apresentou estudo que indica “pontos negros”, horas e dias de maior sinistralidade.
No distrito de Setúbal, entre 2016 e 2019, ocorreram, em média, 19,2 acidentes rodoviários por dia. A conclusão a que chegaram peritos da Universidade de Évora (UÉ) serve apenas para ilustrar a gravidade da sinistralidade numa região onde, quase todas as semanas, morrem pessoas devido a colisões frontais e despistes. O último caso, ocorrido na terça-feira, deu-se no IC1, entre as localidades de Palma e Águas de Moura, concelho de Alcácer do Sal.
A luta das autarquias pela melhoria das condições de segurança no IC1, mas também em diversas outras estradas nacionais que atravessam a região, dura há muitos anos. Vítor Proença, presidente do município de Alcácer, em declarações ao Semmais, admite mesmo que caso não sejam realizadas a breve trecho obras que contribuam para reduzir significativamente o número de acidentes, poderão existir medidas de protesto protagonizadas pelas populações do concelho e de outros igualmente afetados por uma enorme vaga de ocorrências.
“O mais que podemos fazer é pressionar constantemente a Infraestruturas de Portugal (IP), que é quem tem de zelar pela manutenção e conservação das vias nacionais. O número de acidentes prova a razão dos nossos protestos e de outras câmaras municipais”, disse o autarca, lembrando que apesar das muitas diligências e das promessas efetuadas, os trabalhos nas vias não se realizam.
“No nosso concelho, para além do IC1, temos problemas constantes e graves na estrada nacional 253, entre a Comporta e Alcácer do Sal. É uma estrada que não tem bermas, pelo que os carros pisam constantemente a areia e acabam por se despistar, muitas vezes contra as árvores existentes em redor. Infelizmente já há muitas mortes a lamentar”, adiantou Vítor Proença.
Canal Caveira e cruzamento para Lousal igualmente perigosos
Também o presidente da câmara de Grândola, Figueira Mendes, entende que a IP deve proceder a diversos trabalhos no IC1 e nas vias que lhe dão acesso. “Reconheço que a situação já foi bem pior, mas mesmo assim há zonas muito perigosas, como por exemplo o Canal Caveira ou o entroncamento que conduz ao Lousal”, disse o autarca.
A identificação dos pontos negros (locais de maior sinistralidade no concelho) presidiu, precisamente, ao estudo desenvolvido pelos peritos da UÉ, o qual acabou por ser apresentado também ao Comando Distrital da GNR de Setúbal. Denominado MOPREVIS, Modelação e Predição de Acidentes de Acidentes de Viação no Distrito de Setúbal, permitiu desde já constatar que entre 2016 e 2019 ocorreram em todo o distrito 28.103 acidentes, dos quais resultaram 183 mortes (o total de acidentes com vítimas mortais foi (63). O mesmo estudo diz que do total de sinistros, 5.436 tiveram feridos ligeiros, enquanto de 407 resultaram feridos graves.
Para o coronel José Guedelha, comandante distrital da GNR, os resultados do estudo, nomeadamente a indicação das horas em que ocorrem mais acidentes, possibilita desde já rentabilizar e otimizar os serviços das forças de segurança que, deste modo, passam a ter informação sobre locais, dias da semana e horários de maior sinistralidade.