O ‘herói improvável’ das últimas eleições diz-se preparado para pegar nos destinos da Moita de frente. De origens humildes, Carlos Albino, afirma nunca ter sonhado com carreira política, mas o espírito de missão esteve sempre presente desde a adolescência.
O novo presidente da câmara da Moita, o socialista Carlos Albino, diz que acreditou sempre ser possível destronar a CDU do poder, e afirma que “se sentia no terreno esse desejo de mudanças e o desgaste do anterior presidente (Rui Garcia)”.
Na noite das eleições, e à medida da contagem dos votos, o que mais lhe chamou a atenção foi “a alegria dos militantes e simpatizantes do PS”. Fala mesmo de “um momento inesquecível”. Homem de “pés bem assentes na terra”, não demorou muito a mudar o ‘chip’ da histórica vitória eleitoral para as responsabilidades que o esperam. “Veio logo à cabeça as pessoas que confiaram em nós, no nosso projeto, e nos contactos e trabalho que já estamos a desenvolver”, explica ao Semmais.
Com 37 anos de idade, Carlos Albino passa a ser o mais jovem presidente de câmara do distrito. Nascido em Lisboa, numas águas furtadas junto à Avenida da Liberdade, aportou com a família no Vale da Amoreira aos três anos, local de onde saiu aos 30 e onde diz ter sido “muito feliz”. Foi ali que fez o ensino básico, seguindo-se o secundário na Baixa da Banheira. O ensino superior foi concluído na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, com licenciatura em Engenharia Civil, e na Escola Superior de Ciências Empresariais, onde se especializou em Higiene e Segurança no Trabalho.
A ‘herança’ das avós aplicada à vontade de ‘fazer”
O novo edil da Moita, tem dois filhos, de seis e ano e meio de idade. Não chegou a conhecer avôs, mas ganhou a têmpera das suas avós, a materna, que vivia na Batalha, e a paterna em Portel. “Eram mulheres fortes e de trabalho”, relembra. Esta herança de genes não é despropositada para Carlos Albino que enfatiza esse “dever de trabalho, responsabilidade e de cumprimento da palavra”. Um legado que pretende aplicar agora à frente do município moitense.
A política não fazia parte do seu horizonte, mas andou sempre lá perto, sobretudo, refere, “gostava de contribuir para a melhoria do que me rodeava, fazer e deixar algo de positivo para as próximas gerações”. Esta marca de “fazer” começou com o voluntariado, mas o caminho arrancou com a entrada na Juventude Socialista da Moita, que chegou a coordenar. “Foi uma grande experiência, dar a voz aos anseios dos jovens do concelho e lidar com problemas estruturantes para esta faixa etária. Foi um período de grande enriquecimento, tendo conhecido pessoas que fizeram parte deste percurso”, diz.
Traçado este destino, recebeu à época e com “grande seriedade” o convite do presidente da concelhia socialista, Manuel Borges, para integrar as listas do PS para a Assembleia Municipal, em 2013. “Comprei logo um conjunto de livros para perceber como funcionava aquele órgão autárquico”, lembra Carlos Albino. A partir daí foram as candidaturas à presidência do município, culminadas agora com o derrube deste bastião de sempre da CDU.
Vitória de todos e o “desgaste” da gestão comunista
Uma vitória que atribui “ao trabalho árduo” de todos os candidatos do partido, à câmara, assembleia municipal e juntas de freguesia, mas também ao projeto que apresentou ao eleitorado e “ao cansaço que se verificava do poder instalado”.
Agora, Carlos Albino, que tomará posse dia 19 deste mês diz estar “agarrado ao compromisso com a população” e preparado “para qualquer entrave que venha a surgir” após tomar as rédeas do município. Ansioso pela transmissão do poder, embora não tenha ainda recebido “qualquer passagem de pastas”, o novo presidente quer colocar a Moita “no lugar que merece”, que é na “dianteira do distrito”.
“Temos que ser um concelho moderno, atrativo e apelativo ao investimento, melhorando a vida dos que cá vivem e atraindo novos residentes”, afirma. E vai começar por mudar a imagem do concelho empreendendo ações que visem a “manutenção dos espaços verdes, estradas e arruamentos”, situações que diz se terem degradado com a anterior gestão. Para as empresas vai criar um Gabinete de Apoio e agilizar procedimentos. Sem esquecer o problema das descargas para um rio que afirma ser “uma das mais-valias do território” e um bem identitário do concelho.
Apologista da localização do aeroporto no Montijo, pode também ajudar a trocar as voltas ao impasse sobre o desfecho desta grande infraestrutura para a região. E promete “trabalho, planeamento, determinação e resiliência” para voltar a colocar a Moita no mapa.