Exposições e fraquezas que importa debater

É sabido que o distrito conta com um conjunto de empresas que contribuem muito decisivamente para as exportações nacionais e têm um peso muito significativo no plano da economia regional e nacional.

Não são assim tantas, estas, as grandes, capazes de influenciar os rácios, a dimensão e a escala, mas arrastam muitas obras de médio e pequeno porte, alavancando emprego e riqueza.

No quadro das exportadoras, e para se ter uma ideia desta relatividade (ver análise páginas seguintes), as 20 maiores exportadoras do distrito valeram em 2020 um pouco mais de 6 mil milhões de euros, enquanto que as 180 empresas seguintes, num total de 200 que fazem parte dos rankings desta edição, valeram apenas 675 milhões de euros.

Isto significa que a região precisa ainda de mais empresas de grande dimensão e, sobretudo, de sustentar as que há algumas décadas oferecem este suporte económico e social ao nosso território.

Refira-se que as perdas no primeiro ano de pandemia foram significativas e esperadas, embora pudessem ter sido ainda mais acentuadas. Mas no que toca ao emprego líquido a quebra foi muito residual – tendo havido até algum crescimento no quadro das 20 maiores exportadoras – o que confirma que as medidas do Estado, adotadas no contexto da crise sanitária, tiveram um efeito almofada e permitiram até que as empresas pudessem dirigir as suas preocupações estratégicas para outras áreas do negócio.

Este ano os problemas são de outra monta, mas são também reflexo, em parte substantiva, da crise pandémica, nomeadamente a escassez de componentes, por via de um boom de preços dos contentores à escala mundial e do aumento desmesurado do preço dos combustíveis, devido a quebras de produção e aumento da retoma no consumo.

São equações novas relativamente às quais as nossas maiores exportadoras vão ter que encontrar saídas, sob pena de alguma estagnação.

Mas, no essencial, o que importa referir é que o nosso tecido empresarial é muito assimétrico, o que dificulta a criação de verdadeiras cadeias de valor. As mesmo grandes, polarizadas no eixo Setúbal, Palmela e Sines, alavancam um mercado internacional e estão expostas a ciclos decisórios que dependem cada vez mais do exterior. E há os casos, como ocorre no Montijo, de empresas que começam a ganhar alguma dimensão mas detêm um cariz local.

Por outro lado, as mais pequenas, em alguns indicadores, revelam-se mais resilientes. São exposições e fraquezas que devem, no mínimo, propiciar algum debate estratégico.

Raul Tavares
Diretor