Elvas – Rainha da Fronteira

O poema escolhido foi divulgado e distribuído à população pelos serviços do município de Elvas, no Dia Mundial da Poesia, em 21 de março de 2013. Um poema simples, interpretativo não só da imagem aérea da cidade (uma estrela), como da identidade histórica (sentinela, rainha da fronteira com a sua cintura muralhada) e ainda da sua geografia e localização (cidade raiana das margens do Guadiana). Isto sem esquecer os principais elementos por que é conhecida na sua gastronomia, onde para além do perfume e do gosto do exótico poejo, se realça a sericaia, doce sobremesa, que melhor sabe acompanhado com a inigualável ameixa rainha cláudia em calda, produto certificado como Ameixa de Elvas, que hoje é convite a uma visita de um espaço museológico existente na cidade.

Achou-se cabimento para este texto e este poema num momento em que, revelado o último Censo, se põe a nu uma das maiores fragilidades dos territórios do interior pela sua continuada perda de população. A questão demográfica, pautada pelo envelhecimento da população, em contraponto com a falta de atratividade da região. Esta associada à falta de investimento e de iniciativas geradoras de emprego que atraiam e fixem uma população jovem.

Num país concentrado numa estreita faixa litoral, eterniza-se a concretização de promessas que possam inverter este caminho que leva a desertificação de territórios, quase sempre só vistos como lugares de passagem, na miríade de que o turismo possa ser panaceia para os males conhecidos. Sou dos que acreditam que muito há a fazer e que, sendo o Turismo uma oportunidade económica não resolve os problemas estruturais identificados.

Elvas tem feito um trabalho notável e dispõe de uma oferta turística diversificada, aproveitando ser considerada pela UNESCO como Património da Humanidade. À sua cintura muralhada, ao Aqueduto de Amoreira, ao Museu Militar, aos Fortes da Graça e de Santa Luzia, aos Museus de Arte Contemporânea, da Fotografia, da Arte Sacra, acrescentou-se, recentemente, o Museu de Arqueologia e Etnografia. Mas é preciso muito mais para que se concretize, neste e noutros concelhos, um desenvolvimento económico, social e ambiental, propiciador de riqueza e bem-estar, só possível com políticas alavancadas pela vontade e decisão do governo central.

Esperemos que os tais dados do Censo, agora revelados, sirvam para alguma coisa e não fiquem limitados pela informação de um diagnóstico conhecido e repetido. SemMais!

 

ELVAS

No alto da planície

está uma estrela deitada

que já houve quem a visse

de sentinela acordada.

 

Hoje é bonita e vaidosa,

a cintura muralhada

exibe com perfeição.

Em tempos forte e ciosa

tinha gente afamada

na defesa da nação.

 

Rainha do Alentejo,

ninfa das margens do Caia,

princesa do Guadiana.

Meu raminho de poejo,

minha ameixa e sericaia,

Elvas cidade raiana.

(José-António Chocolate)

José António Contradanças
Economista / Gestor