Inês Sousa Real de galochas no Montijo diz que novo aeroporto vai “meter água”

A porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês de Sousa Real (D), durante uma ação de campanha para as eleições legislativas de 30 de janeiro, na praia do Samouco, local de construção do novo aeroporto, Montijo, 18 de janeiro de 2022. Mais de 10 milhões de eleitores residentes em Portugal e no estrangeiro constam dos cadernos eleitorais para a escolha dos 230 deputados à Assembleia da República. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, reafirmou hoje que o partido está contra a construção do novo aeroporto no Montijo, considerando que o projeto vai “meter água” e “afundar muitos dinheiros públicos”.

“Esta vai ser uma zona que, em 30 anos, vai estar inundada”, pelo que o projeto de construção do aeroporto “vai meter água” e também “afundar muitos dinheiros públicos”, defendeu a dirigente do partido Pessoas-Animais-Pessoas (PAN).

Inês Sousa Real começou o terceiro dia de campanha oficial para as legislativas de 30 de janeiro à entrada da Base Aérea n.6 do Montijo, para onde está projetada a construção de um novo aeroporto.

Num ato simbólico, a líder do PAN e alguns apoiantes surgiram com galochas calçadas e, mais tarde, numa passagem pela praia fluvial do Samouco, a poucos metros da base aérea, ainda as molharam nas águas do rio Tejo.

“Portugal é um dos países que vai ser mais afetado pela crise climática e o distrito de Setúbal, em particular, vai ser uma zona que vai ficar alagada com a subida do nível médio das águas”, advertiu Inês Sousa Real.

Nesse sentido, defendeu a dirigente do PAN, “é um contrassenso” a construção de um novo aeroporto “num sítio para ficar inundado”, mas também por existirem no local “três rotas das aves” e populações.

“Está manifestamente em contraciclo com o combate à crise climática”, advertiu, assinalando que a avaliação aeroportuária “não respeitou a recomendação da Assembleia da República para que todas as soluções fossem consideradas, nomeadamente a de Beja”.

“Não podemos dizer num dia que queremos promover a coesão territorial e defender o interior e, depois, quando existem alternativas que permitem isso mesmo, rejeita-se completamente as alternativas pelos interesses económicos de privados”, disse.

Segundo Inês Sousa Real, o contrato de concessão que existe com a ANA – Aeroportos de Portugal prevê que, no caso de o tribunal não autorizar a construção do aeroporto, uma indemnização “entre 10 mil milhões a 15 mil milhões de euros”.

Está previsto este custo para o Estado, realçou, “seja na construção das infraestruturas em Alcochete, porque terá que ser dinheiro público a promover a sua construção, seja com a indemnização que também custará outro tanto”.

Questionada pelos jornalistas se viabiliza um Governo do PS que mantenha a intenção de construir esta infraestrutura aeroportuária, a porta-voz do PAN, cujas galochas eram vermelhas, limitou-se a dizer que a cor do calçado representa “uma linha vermelha em relação ao aeroporto”.

“Quem traçou esta linha vermelha não foi apenas o PAN. São as próximas gerações e a ciência, são os estudos que de alguma forma nos vêm dizer que não é possível estar a construir aqui um aeroporto porque é uma zona que vai ficar alagada”, notou.

O PAN, acrescentou, “deixará bem claro que as soluções aeroportuárias têm que ser pensadas” e que terá que haver uma aposta “na coesão territorial e no respeito pelos valores ambientais” e promover “a ferrovia em detrimento do aeroporto”.