Costa acusa PSD de levantar linhas vermelhas com Chega e abandonar centro

Estas posições foram transmitidas por António Costa no final de uma ação pelas ruas do centro de Setúbal.

O secretário-geral do PS acusou o PSD de ter levantado todas as “linhas vermelhas” no seu relacionamento com a extrema-direita e de ter abandonado o centro político para tentar captar votos do Chega.

Estas posições foram transmitidas por António Costa no final de uma ação pelas ruas do centro de Setúbal, durante a qual esteve acompanhado pela cabeça de lista por este círculo, Ana Catarina Mendes, e por candidatos a deputados pelo PS neste distrito, casos do ministro João Gomes Cravinho, do secretário de Estado Jorge Seguro Sanches e da dirigente Maria Antónia Almeida Santos.

No final, António Costa fez declarações aos jornalistas e insistiu nos ataques ao suposto relacionamento entre o PSD e o Chega, partindo de declarações que terão sido proferidas na quarta-feira, na CNN, pelo vice-presidente social-democrata David Justino.

“Aquilo que tem sido cada vez mais claro conforme a campanha vai avançando, é que o PSD desistiu de disputar o centro com o PS e está concentrado num objetivo de conquistar o eleitorado do Chega. Ainda ontem à noite na CNN, tivemos a ouvir um vice-presidente do PSD assumir – para surpresa de todos e seguramente para surpresa da generalidade dos próprios eleitores do PSD – que para o PSD não há linhas vermelhas no diálogo com o Chega”, declarou o secretário-geral do PS.

Para António Costa, a existência de “linhas vermelhas” entre os partidos democráticos e os partidos da extrema-direita é fundamental e ninguém deve ultrapassar.

“Agora, esta mudança e esta evolução no PSD é muito significativa. Eu diria que é mesmo o facto mais significativo desta fase final da campanha, porque o PSD começou por dizer que era o partido ao centro e acaba por ser o partido que, em vez de estar a disputar – como seria normal – muitos dos eleitores indecisos com o PS, o que está preocupado é em ir captar votos que são do Chega”, sustentou.

A seguir, o líder socialista considerou que “há limites para tudo”.

“Já se estava muito próximo do limite quando vimos o PSD tentar mitigar as propostas do Chega. Quando agora assume que não há nenhuma linha vermelha num diálogo com o Chega, é passar para lá da linha – e isto é um facto muito grave para a nossa democracia, muito preocupante”, atirou ainda, após uma ação de rua que teve a presença da presidente da câmara de Almada, Inês de Medeiros, e do presidente da SEDES e dirigente socialista, Álvaro Beleza.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa (C), acompanhado pela cabeça de lista do PS por Setúbal, Ana Catarina Mendes (C-D), durante uma ação de campanha eleitoral para as Eleições Legislativas 2022 em Setúbal, 27 de janeiro de 2022. Mais de 10 milhões de eleitores residentes em Portugal e no estrangeiro constam dos cadernos eleitorais para a escolha dos 230 deputados à Assembleia da República.

Confrontado com a tese de que o presidente do PSD já afirmou que não aceita membros do Chega num futuro Governo social-democrata, António Costa contrapôs:

“A questão fundamental não é saber se o PSD partilha lugares no Conselho de Ministros com o Chega”.

A questão fundamental, de acordo com o líder socialista, “é se o PSD se deixa condicionar e se vamos ter um Governo que passe a ser condicionado pela extrema-direita no parlamento”.

“E é essa linha vermelha que nós não podemos mesmo ceder”, declarou, dando depois como mau exemplo o caso dos Açores, e como exemplo de “linha vermelha” a atitude da CDU de Angela Merkel perante a extrema-direita germânica.

“Começámos a assistir ao PSD a ceder ao Chega nos Açores após as eleições regionais. Vimos que não é preciso ter membros no Governo Regional que sejam do Chega para que a política regional esteja condicionada ao Chega. Toda a gente conhece os documentos que foram apresentados, e o Chega até apresentou um documento onde há um compromisso da direção do PSD de fazer uma revisão constitucional com o partido”, apontou.

Já na Alemanha, segundo o secretário-geral do PS, “a senhora Merkel foi contra” qualquer entendimento com a extrema-direita.