A Hora da Verdade

Quem me lê regularmente sabe que sou do PSD, que sou Vice-Presidente da Distrital de Setúbal do PSD e que fui apoiante de Paulo Rangel, inclusive fiz parte da sua estrutura de campanha distrital.

Penso que sabem que a maioria da estrutura distrital, começando pelo seu presidente e a maioria das secções foi apoiante de Paulo Rangel e não se revia na política de Rui Rio.

As pessoas devem saber que os apoiantes de Rangel no Distrito foram vítimas de uma purga simpática nas listas para deputados, ignorando estatutos e regras aceites e unanimemente implantadas desde sempre no partido, por exemplo colocando o presidente dessa mesma distrital, legitimamente eleito pelos militantes do distrito em lugar teoricamente não elegível.

As pessoas devem saber que Rui Rio já há dois anos havia feito a mesma gracinha, com os resultados que se conhecem e, desta vez, após ter ganho as directas, em vez de querer unificar o partido, dando um sinal para o mesmo e, sobretudo, para a sociedade civil, preferiu o que sabe fazer melhor – amesquinhar e ultrajar quem com ele não concorda.

Se Rui Rio vai sair, porquê que perco tempo com ele e sobretudo em público? Para que quem perde algum tempo a tentar perceber a política de um partido como o PSD, sobretudo no nosso distrito, perceba que quem tem que prestar contas não é quem está de saída, mas sim quem o apoiou e agora continua nos cargos. Esses é que devem responder.

E, meus amigos, deixem-me dizer-vos que temos uma autoridade moral acrescida, pois, apesar de muitos de nós termos sido vítimas do tal “acerto de contas” de Rui Rio, toda a estrutura distrital, todos os seus dirigentes máximos se envolveram na campanha, elogiaram, acreditaram, deram o melhor de si em prol do partido.

Mais, a grande maioria de nós, e vocês sabem, defendia outro posicionamento do partido na sociedade portuguesa, criticava a oposição medíocre que se tinha feito, a tibieza e contradições com que o partido encarou o Chega, como deixou crescer a Iniciativa Liberal e, mais do que tudo, a subserviência que Rui Rio sempre teve para com Costa e, como ele representa(va) o partido, de certa forma a subserviência do PSD em relação ao PS e isso, meus amigos, um verdadeiro social-democrata não aceita, por isso eu, como muitos outros, não gostávamos desta liderança.

Mas, mesmo assim, estivemos lá, demos a cara, lutámos e apelámos ao voto no PSD. Por isso, nós agora, temos uma autoridade acrescida de exigir que o caminho passe a ser o correcto e que quem apoiou aquela estratégia tenha a hombridade de o assumir e que “não se cole” aos novos ventos de mudança que se desejam no partido.

Por fim, uma palavra de esperança: o PSD é um partido reformador, um partido de quadros, um partido essencial na nossa democracia e vai saber regenerar-se e responder ao desafio que o país precisa, até porque este novo (velho) governo do PS não vai estar à altura (o passado recente indicia-o, infelizmente) do que aí vem: Guerra, seca, preço do petróleo e de outros produtos naturais como o gás, para além dos cereais e restantes produtos agrícolas, estrão em valores a rebentar, a que acrescem juros altos e, vamos a ver como a pandemia evolui em 2022.

Adivinham-se tempos muito, muito difíceis – dos mais difíceis da nossa geração e teremos de estar todos a postos.

Tenhamos esperança, porque se não for a esperança, fé e cada um fazer o que tem a fazer, nada nos resta.

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA
Paulo Edson Cunha
Advogado