Tal como ocorreu em 47 do século passado, este conflito no Leste europeu vai justificar muito mais que um acordo entre Rússia e Ucrânia, porque o que está em causa extravasa o território dos dois países.
O Tratado de Paris, em 1947, no pós-segunda Guerra Mundial, tinha como pretensão eliminar os conflitos territoriais na Europa e desfazer as alterações de fronteiras provocadas pela Alemanha nazi. Os vencedores retalharam o velho continente. Depois veio a Guerra Fria assente nos blocos comunista e capitalista, que se digladiaram pela hegemonia mundial.
Os tempos, agora, são muito diferentes, porque nem a Rússia nem os Estados Unidos têm o mesmo peso na cena internacional, e a robustez do mundo asiático, China, Índia alguns outros players de menor dimensão é incomensurável.
A nova Europa precisa de um rumo em que possa assegurar a paz duradoura e evitar novos deslizes, movidos por guerras de Espaço Vital. Demonstrar a sua força de forma independente e sem precisar de outros atores. Porque esta guerra é ainda resquício da antiga ordem mundial.
Por isso, e até à queda de ditadores e oligarcas que ainda pululam por aí, é imprescindível que se mantenha um corredor de neutralidade militar, nomeadamente nas fronteiras com esta Rússia de Putin.
E é preciso também manter as democracias vivas, não a pondo em causa com aventuras anti-sistema ou desafios perigosos como o que aconteceu com o Brexit britânico.
Precisa, pois, de um tratado que garanta a paz e sustenha a segurança vindoura, apostando no desenvolvimento e na impagável luta pelos direitos humanos e pelas diferenças.
Raul Tavares
Diretor