O que fazer com os novos imigrantes?

Tal como ocorre em todo o país, a região tem vindo a mobilizar-se para acolher refugiados, nomeadamente em número significativo mulheres e crianças, que a fugir da guerra, procuram, agora, não só um refúgio temporário mas, em muitos casos, uma permanência definitiva no refazer das suas vidas.

Tem estado bem o Governo na flexibilização dos procedimentos, desde logo a facilitação das papeladas administrativas e jurídicas, que marcam a integração desta mole de gente no nosso seio. Mas é preciso fazê-lo em todo a linha, procurando unir as redes, juntar vontades e gerir de forma mais integrada esta missão de solidariedade e de cariz humanitário.

Perante o quadro de registos do SEF o distrito já acolheu refugiados em todos os concelhos, o que significa que começa a ser uma questão abrangente. E sabe-se que, entre particulares e muitas entidades, são esperadas mais vindas nas próximas semanas.

Não sei se não seria de bom tom a região organizar-se numa entidade de missão que pudesse, em conformidade com o Estado, reunir e sistematizar informação e acompanhar o evoluir de caso a caso. Podem ser os municípios a criar esta rede de apoio mais alavancada no conjunto das necessidades e em coordenação com a administração central nas diferentes tutelas.

Por exemplo, é preciso que estas pessoas comecem a aprender o português básico, como o está a fazer, por exemplo, a Associação de Solidariedade Social de Professores em Setúbal. E que as crianças e jovens integrem o sistema escolar e que os mais ativos consigam trabalho.

É na gestão de expetativas que se vai ganhar essa cruzada interna, dando continuidade e consistência a este meritório acolhimento que o país está a empreender.

Até porque, parte destes estrangeiros podem mesmo vir a optar por permanecer no país, o que será sempre um bom sinal. Porque se sentiram bem acolhidos, bem integrados, e porque, no final das contas, também podem contribuir para atenuar alguns dos nossos problemas, de natalidade, demográficos e de escassez de mão-de-obra.

Raul Tavares
Diretor