Maria Teresa Meireles venceu a edição 2021 do Prémio Literário Alves Redol, com a melhor coletânea de contos. Esta edição contou com um número recorde de obras, foram 357 a concurso.
Promover e incentivar a criação literária, prestando também homenagem ao grande romancista, é o objetivo do Prémio Literário Alves Redol, atribuído pela autarquia de Vila Franca de Xira. Por este motivo, Maria Teresa Meireles considera este um dos mais prestigiantes galardões do género literário com que foi reconhecida.
“Este galardão é um dos grandes prémios de conto nacional e, para mim, tem um significado especial porque normalmente são homens que ganham, em Portugal. Na verdade, nunca sabemos bem quantos homens e quantas mulheres concorrem devido aos pseudónimos”, afirma a escritora, alegando que de uma maneira geral os vencedores são homens, porque também muitas vezes os jurados são do sexo masculino, o que não aconteceu neste concurso.
Numa competição em que se podia optar pelo romance ou conto, Maria Teresa Meireles, não hesitou na hora de escolha. “Sabe-me bem escrever neste registo, acho que é preciso uma concisão maior do que num romance, portanto na minha opinião é um exercício de maior depuração e agrada-me por isto. Também acho que se adapta muito aos tempos modernos, o conto é uma coisa que muito facilmente se lê. Em várias situações o romance não permite, pela continuidade, pelo facto de se perder o fio à meada, com grandes pausas entre leituras, perdem-se as personagens, enquanto num conto não, são coisas mais concisas, a mim agrada-me, efetivamente. Também escrevo livros maiores, mas nutro um carinho especial por este género literário e foi por isso que decidi competir com ele” partilha com o Semmais a escritora azeitonense.
Obra vencedora é uma coletânea de treze contos
A obra vencedora, intitulada “A Pele é um Incêndio”, é uma coletânea de treze contos, cada um, de certo modo, dedicado a um escritor, pelo tema ou pela estrutura, ou até por alguma palavra que a tenha inspirado a criar. “Ninguém chega à escrita sem ler e é pouco comum as pessoas fazerem referência às pessoas que os influenciaram ou que de alguma maneira nos tornaram escritores. Por exemplo, no Brasil é frequente os cantores interpretarem temas entre eles e referirem-se, em Portugal não temos nada esta tendência”, afirma a azeitonense, referindo que “é bom que os escritores falem de outros escritores”.
Segundo o júri, a autora revela nos seus contos “um bom domínio da linguagem literária, com mestria narrativa e, por vezes, alguma inovação formal. “Alguns dos contos abordam temáticas fundamentais à existência humana como a morte, os filhos ou o amor, enquanto outros elaboram com particular finura literária sobre dimensões do quotidiano”.
A cerimónia de entrega do Prémio Literário Alves Redol irá ocorrer no próximo dia 23 de abril, pelas 18h30, na Fábrica das Palavras em Vila Franca de Xira, numa iniciativa integrada nas comemorações do Dia Mundial do Livro e do Autor.