O setor do Turismo tem sido em Portugal, e no Alentejo em particular, uma âncora de desenvolvimento que fez a diferença nas últimas décadas. Os próximos tempos são mais de incerteza e o próximo Governo de António Costa não desfaz essas dúvidas, antes pelo contrário.
Nos últimos anos criaram-se muitas unidades hoteleiras de referência, registou-se um ‘boom’ de outras pequenas e médias guest-house, hostels e muito alojamento local. Mas não surgiram do nada. O território do Alentejo ganhou dimensão nacional e internacional e foi, paulatinamente, ganhando nichos de mercado. Portanto, o crescendo de oferta quase que acompanhou a procura. Digo quase, porque ainda falta muito para se atingir o necessário equilíbrio.
Esta notória corrida não arrancou ao acaso. As regiões e as agências de turismo do Alentejo, mais tarde a Entidade Regional de Turismo, lançaram estratégias, planearam, apoiaram empresários e empreendimentos, venderam a marca cá dentro e lá fora. E, finalmente, o Governo, foi também o grande impulsionador desta grande e decisiva viragem.
Esperava-se, portanto, que o novo Governo pelo menos mantivesse o Turismo num patamar superior no que toca à sua estratégia de desenvolvimento, e apostasse ainda mais forte neste cluster que, para além do mais, arrecada divisas e ajuda nas exportações. Isto é: que a orgânica do novo Governo refletisse essa intenção, mantendo o turismo alavancado numa secretaria de Estado. Os mais otimistas esperavam, até, que o setor ganhasse um ministério. Esse desígnio caiu por terra.
Antes pelo contrário, o primeiro ministro deu um sinal contrário, ao incluir o Turismo na pasta do Comércio e dos Serviços. Não é nada bom.
E o pior é que, numa legislatura de maioria absoluta, de quatro anos e meio, pode ganhar força a ideia peregrina de colocar o turismo sob a alçada das CCDRs, baralhando estratégias de marca com planeamento do território e gestão de fundos comunitários. Parcelas de um todo que, se bem autonomizadas, poderiam funcionar de forma mais adequada.
Para já não deixa de ser um sinal, mas basta ouvir os players deste mercado que faz mexer as regiões para se perceber o erro. Importa agora aferir se no centro desta decisão orgânica do Governo há razões que, à partida, se desconhecem.
Raul Tavares
Diretor