O leme do PRR está bem entregue

A nomeação de Pedro Dominguinhos para presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) só pode ter sido estranha ou levantar dúvidas a quem o não conhece, nem à pessoa nem o seu currículo.

O ex-presidente do Instituto Politécnico de Setúbal é um alentejano que se apaixonou pela região de Setúbal, que a conhece como poucos, nomeadamente o seu perfil de desenvolvimento e as necessidades endógenas e exógenas capazes de confirmar esse desiderato.

Quando concorreu à liderança do IPS, o Pedro – se me é permitida a forma informal do tratamento – era um quase desconhecido na região, mas como ficou provado já granjeava competência junto dos seus pares eletivos da instituição. Assumiu o cargo sem mácula e, hoje, não se pode falar do IPS sem olhar à visão, ao trabalho e à estratégia que o próprio delineou.

O IPS de hoje, e diria eu o ensino politécnico no país – presidiu também ao Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos – ganhou grandes avanços e credibilidade inegável pelas suas mãos.

Mas Pedro Dominguinhos fez muito mais que isso. Embrenhou-se nos desafios da região de Setúbal, de forma superior, sem provincianismos, sendo na atualidade, com todo o orgulho, uma das novas figuras de destaque das terras da margem Sul que o acolheram e respeitam.

Isso é meritório e faz jus a esta nomeação para um cargo da importância estratégica como é o PRR. É, portanto, a pessoa certa no cargo, porque tem sabido manter a sua independência, transformando a escolha de António Costa numa opção pela capacidade e pela competência, e também, digo eu, mais um orgulho para esta nossa região.

Não deixa de ser um gigantesco desafio. Mas mesmo perante essa latitude e grau de dificuldade, fez bem em aceitar. Se incluir nesta empreitada a ambição que relevou em cargos anteriores, os trabalhos de Pedro Dominguinhos vão ser uma lufada de ar fresco e uma ajuda preciosa para os objetivos que o Governo e o país definiram para esta missão de bem público.

Tenho a certeza que o fará nesse espírito de saber fazer, congregando as premissas que balizam a concretização do PRR, a harmonização da coesão territorial implícita na grande tarefa e o aprimorado diálogo entre administração central, gestão intermédia, autarquias e instituições públicas e privadas.

É hora de arregaçar as mangas e com Pedro Dominguinhos ao leme isso está garantido. Não se espere, porém, que olhe só para dentro, para a região. A empreitada é nacional, é essa visão que se lhe exige. Mas pode ser uma ajuda vital no quadro do nosso território, porque, pelo menos não precisa de trabalho de casa, muito menos de diagnóstico.

Raul Tavares
Diretor