Vergonha aviltante da pedofilia na Igreja

Os casos de pedofilia na Igreja de Roma, que têm surgido quase em catadupa, desgostam e enojam qualquer ser humano que se preze. E não deixa de ser um murro no estômago para quem, como eu, defende a doutrina cristã e se assume como católico.

Está muito claro que estes acontecimentos têm sido uma prática comum de padres, bispos e outros acólitos, num ‘modus vivendi’ aviltante, responsável, também, pela sangria de seguidores verificada desde o final do século XX.

Neste fenómeno não há desculpas aceitáveis, desde as paróquias, às dioceses, aos patriarcados e mesmo à Curia romana. Quase todos fecharam os olhos, esconderam os crimes, empurraram no tempo os horrores das vítimas, e desculparam pedófilos, ‘libertando-os’ das garras da justiça e das grades das prisões.

Um mau exemplo para a sociedade de crentes que devia seguir, com confiança, os seus pastores e, sem rodeios, ajudar a construir uma Igreja sem mácula, que acompanha a modernidade e ajusta-se aos novos tempos.

A boa nova é que esta trupe de padres e bispos deixou cair a máscara e, aqui e ali, vão caindo na rede da justiça. Resta saber se haverá tempo, para muitos destes casos, de acertar contas, nomeadamente a favor das vítimas que, por vergonha, chantagem ou pressão, sofreram décadas de abusos e violências no pior dos silêncios e solidões.

Resta também a mão firme do atual Papa que, pelo menos até agora, tem dado sinais de que não só haverá castigos severos para quem prevaricou, como fez arrancar uma política de prevenção para que se não voltem a registar casos hediondos como os que têm vindo a lume.

A Igreja de Francisco está em regeneração e este é um bom momento para a ‘limpar’ destas fraudes que paralisaram as suas funções essenciais, espirituais, assistenciais e sociais.

Se o Papa conseguir deixar este lastro, a Igreja Católica pode recuperar a sua essência e deixar de desbaratar a génese que a fez percorrer cada cantinho do mundo.