Estruturas portuárias em Setúbal e Sines vivem um bom momento e apostam na expansão e modernização. Empresas dos mais variados setores procuram cada vez mais o nosso território e responsáveis esperam maior investimento e criação de postos de trabalho
O Porto de Setúbal e o Porto de Sines têm mostrado uma importância estruturante crescente para o desenvolvimento do nosso território, especialmente, estando estes numa região com uma variedade de setores de atividade.
“O Porto de Setúbal desempenha um importante papel no desenvolvimento da atividade económica e social da região e do país, constituindo-se como um porto chave no apoio à industria localizada na sua zona de influência e que se quer cada vez mais vasta e alargada, bem como na dinamização e apoio de toda a atividade turística, da náutica de recreio e do setor das pescas que se desenvolve no estuário do Sado”, sublinha José Castel-Branco, um dos elementos da Administração dos Porto de Setúbal e Sesimbra (APSS), em conversa com o nosso jornal.
Pela sua localização, a infraestrutura trabalha com “algumas das maiores empresas nacionais”, localizadas em Setúbal e Palmela, segundo o administrador. “Essas empresas também com grande expressão na produção industrial e nas exportações portuguesas”, refere.
De acordo com José Castel Branco, a produção automóvel, pela VW Autoeuropa, o papel, pela Navigator, a metalurgia, com a Lusider e a Siderurgia Nacional, e o cimento, nomeadamente a Secil, são “os setores mais relevantes” que trabalham com o Porto de Setúbal atualmente.
“A carga rol-on rol-off, que beneficia da maior infraestrutura portuária do país especificamente dedicada, é utilizada exaustivamente para as exportações da Autoeuropa e para a importação de veículos de diversas marcadas. Destaca-se ainda os granéis, com minérios da Somincor e cimentos da Secil e a carga geral fracionada com origem ou destino nas fábricas da Lusosider e Siderurgia Nacional”, explica o administrador. Além disso, o porto tem ainda crescido, nos últimos anos, na carga contentorizada.
A carga exportada de Setúbal “chega a centenas de países”, segundo José Castel-Branco. Apesar de “ser difícil quantificar” os mesmos, o responsável aponta que esta é exportada para portos no “Reino Unido, Espanha, Marrocos, Países Baixos, Finlândia, Bélgica e Alemanha”.
Para o administrador da APSS, a estrutura portuária “reúne as potencialidades necessárias para um crescimento sustentável nos próximos anos”. José Castel-Branco destacou, por exemplo, “as melhorias dos acessos marítimos, que permite receber navios mais modernos e eficientes”. Além disso, espera o desenvolvimento dos “acessos ferroviários”, permitindo uma “harmonização com a rede ferroviária nacional” e também uma aproximação a Espanha.
De recordar que a Galp e a Navigator escolheram Setúbal para construir unidade avançada de conversão de lítio, num processo que passará pelo porto, que assegurará “a movimentação das cargas destinadas à sua construção, produção e exportação de produto acabado”. Com um investimento global de 700 milhões de euros, este projeto, segundo José Castel-Branco, “deverá criar, aproximadamente, 200 postos de trabalho diretos e 3.000 indiretos”
Sines vai escalando nos rankings internacionais
Por sua vez, o porto de Sines tem tido, ano após ano, maior destaque internacional e tem a sua posição, absolutamente, cimentada enquanto um dos portos mais importantes da Europa e com grande perspetiva de crescimento a nível mundial.
No final do passado ano, o porto subiu três lugares no Top 100 Mundial, ocupando a 95ª posição do “World Top Container Ports 2022” da revista especializada “Container Management”. Paralelamente, foi considerado pelo relatório do Banco Mundial e da consultora S&P Global como o 3º mais eficiente na Europa e o 30º no mundo, numa lista de 370 portos a nível mundial.
Em Sines viveu-se ainda o “melhor ano de sempre” em “carga contentorizada”. “Na carga contentorizada o crescimento correspondeu a 13%, o que permitiu ultrapassar a barreira dos 1.8 milhões de TEUS (contentores de 20 pés)”, refere o comunicado da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS).
Em 2021 concluíram-se ainda as obras da etapa 1 da fase III do Terminal de Contentores, que vão permitir, segundo a APS, movimentar “três mega-navios em simultâneo”.
“Para facilitar o aumento do volume de carga e ir ao encontro das necessidades crescentes dos seus clientes, a PSA Sines embarcou num projecto de expansão ambicioso, no valor de 300 milhões de Euros, chamado Fase III. Quando a Fase 3 estiver totalmente concluída, o terminal irá praticamente duplicar a capacidade de movimentação anual para 4,1 milhões de TEUs (Twenty-foot Equivalent Units) – fortalecendo a posição da PSA Sines enquanto um dos principais portos na região” sublinham os responsáveis.
José Luís Cacho, presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, à semelhança do que acontece em Setúbal, também prevê um futuro risonho para o Porto, quando já foram anunciados investimentos e acordos para os mais variados setores, como o agronegócio, inovação e energético.