Abril à porta

A boa memória reterá (estamos numa retoma, numa retoma muito retomada) o estado de espírito de um militante do PCP que numa jornada de trabalho de fim-de-semana da Festa do Avante! (marque-se: este ano, em Setembro, é a 1, 2 e 3…) assegurava: “Lá, na Pontinha, a situação é que é única. Está mesmo escrito: Partido Comunista Português Pontinha. Português, que nenhum outro diz, e da Pontinha! Vão ver”.

Falava dos placards indicativos do Metro – dois ou mais em cada plataforma e nos vários halls, na generalidade da rede, – e se é certo (ou era) que nos da- quela estação não consta a Praça Professor Bento de Jesus Caraça, onde mesmo em frente do Mercado se situa o Centro de Trabalho do Partido, eis que ela confina, como já se pode ler, com a Avenida 25 de Abril que parece trazer de Alfornelos (paragem vizinha) o fluxo do Largo Poeta Ary dos Santos, da Rua dos Capitães de Abril, da Avenida Professor Ruy Luís Gomes, da Praceta (e Rua) Abel Salazar, da Rua Manuel Valadares, da Rua (e Travessa) Isabel Aboim Inglês, da Rua (e Praceta) do Poder Local…

“- E da Rua Adriano Correia de Oliveira…”

Que outra Rua, a de nome Maria Machado, evoque a tipografia clandestina do Avante! dos anos de forte repressão fascista de 1958 e 1959, a funcionar na Pontinha (“60 anos de vida e luta ao serviço do Povo e da Pátria”, Edições Avante!, 1982), eis ainda um outro motivo de orgulho para aquele que dali se deslocava para a Quinta da Atalaia. Mas ele insistiu, porém, no Adriano, do qual o Pavilhão Central da Festa foi ponto alto do arranque do ciclo de homenagens no passar dos 25 anos da sua morte (a 16 de Outubro de 1982), marcado pela grande, muito grande frase em tipo de mural: “Onde eu estiver, quero ser eu”.

Pegando num Semmais a poucos dias do Adriano fazer 70 anos (a 9 de Abril), Urbano Tavares Rodrigues também pegava na canção do poeta comunista, a “Margem Sul” dos direitos dos trabalhadores, da rejeição das guerras coloniais e da fome, da evocação de Catarina Eufémia, aludindo à “foice dos teus ceifeiros como bandeira sonhada”, nos mapas sem fim e sem escala das lutas, no mapa de Portugal.

Nenhum de nós é despossuído de dedo mindinho: no âmbito das Comemorações agora dos seus 80 anos, a Exposição que lhe é dedicada estará em Abril e Maio por cá, na Capital Sadina, vinda de Avintes.