CULTURA – Temos a que queremos Mas não a que merecemos

Cultura é memória, e uma sociedade sem memória é uma Sociedade sem Futuro!

Ao longo das últimas décadas, temos assistido a uma constante apropriação por parte da esquerda política portuguesa das instituições, das políticas e dos agentes culturais, condicionando as escolhas, orientando num caminho de marxismo cultural, e acima de tudo, autoafirmando-se como os verdadeiros defensores, os paladinos da cultura.

E esta “Reforma Agrária Cultural” foi-se instalando sem uma clara e forte oposição por parte dos partidos ditos de direita. Os valores democráticos não se podem limitar a respeitar unicamente determinadas visões do mundo, defendidas por maiorias mainstream.

Há uma maioria silenciosa, mais conservadora, que acredita na preservação de uma Memória Coletiva, uma Memória da Origem, como absoluta prioridade para o desenvolvimento da nossa Sociedade!

Para isso é fundamental que a importância que atribuímos à nossa Memória, à nossa Cultura seja aquela que de facto tem: ser o cerne, o gerador de tudo o que nos rodeia como civilização.

A Matemática, a Filosofia, a Religião, a forma como educamos os nossos filhos, como nos divertimos ou usamos os tempos livres, como cuidamos dos nossos enfermos, dos que nada têm, como produzimos riqueza, como incentivamos o próximo a ser melhor, a fazer melhor, a nunca se conformar, procurando atingir o objectivo de uma sociedade evoluída, mais justa e mais livre foi, e sempre será, condicionada TOTALMENTE pela nossa Cultura e terá, sempre, de estar presente e bem sublinhada nas intervenções públicas e políticas dos nossos responsáveis, devendo mesmo afirmar-se como de Todos e com Todos (criadores, público, comunidades, cidadãos, empresas e instituições).

O nosso tecido artístico e cultural é constituído por estruturas que vão desde as colectividades de bairro, aos teatros e museus nacionais; das manifestações organizadas e complexas às estruturas espontâneas ou de cariz tradicional como o folclore ou a tauromaquia.

A nossa riqueza está nesta diversidade, nesta pulsão de força e de necessidades.

E a nossa Memória não se manifesta em Cultura de forma marginal ou secundária.

Ela é central e vital em toda a nossa vida e fundamental na afirmação e no desenvolvimento do nosso País.

E para isso é necessário criar mecanismos, defendendo e promovendo a reformulação da Lei do Mecenato para que os privados percebam, participem e contribuam verdadeiramente para este desígnio nacional que é a defesa da nossa Memória!

Devemos pensar e definir a coordenação da acção cultural desde os promotores, aos níveis central e principalmente autárquico.

E aqui é fundamental o papel das autarquias no desenvolvimento cultural, pois têm sido elas os verdadeiros motores no esforço de preservação de tradições locais, do folclore e no apoio ao associativismo e à memória colectiva.

E o seu papel numa verdadeira articulação entre a Cultura e a Educação:

– Uma articulação que defenda as boas-práticas existentes e em simbiose com os recursos artísticos locais;

– Defendendo o alargamento a todos os níveis do ensino da Música, da Dança, das Belas Artes e das Artes Populares;

– Criando\abrindo novos cursos no ensino profissional, para as artes populares, como forma de promoção das culturas locais e com isso promovendo a fixação dos jovens no interior.

– Propondo o desenvolvimento de programas regulares de Criação Artística nas escolas como desenvolvimento de novos públicos;

– Fazendo propostas para a optimização do Plano Nacional das Artes, como inclusão e potenciação cultural das actividades performativas e artísticas dentro das Escolas;

– Defendendo a entrada no mercado de trabalho cultural nacional, dos melhores alunos formados nas escolas artísticas Portuguesas.

Mas, também, com a integração da disciplina de História da Cultura Portuguesa que trate a nossa Cultura como ela é, sem pré-conceitos ou estereótipos, proporcionando aos nossos jovens o conhecimento do que fomos, para que, em total liberdade de escolha, possam decidir o que querem ser.

A Cultura poderá ter um papel determinante na descentralização!

Investir na Memória do País, investir na Cultura é equivalente a investir na Educação ou na Saúde. A Cultura, tal como a Investigação Científica ou a Saúde, paga-se a si mesma pelas repercussões sociais, económicas e estruturantes que desenvolve.

E chegado aqui termino com as seguintes questões:

– Não é este o legado que deveriamos defender para o País e para os Portugueses?

– O legado da liberdade de escolha e da iniciativa individual?

– O legado que tem por base o Orgulho daquilo que somos: Portugueses?