O Beijo

Não há cão, nem gato, que ainda não se tenha pronunciado sobre o Beijo do Rubiales na Hermoso.

Vou evitar entrar nos lugares comuns, que todos já ouvimos, muito menos em frases polémicas como a que o marido da Primeira-Ministra Italiana proferiu ou a do Woody Allen.

Limito-me a, humildemente a aconselhar Rubiales a tentar beijar o Taremi. Disse tentar, porque todos sabem que o Taremi, mal sentisse o vento propulsado pelo movimento do Rubiales, já se teria atirado para o chão.

Daí, a discussão derivaria naturalmente para saber se era, ou não penalty para o Porto, sendo que, nenhum leitor que esteja a acompanhar esta crónica, possa duvidar que sim. O arbitro, acto contínuo ao movimento do Rubiales e à queda do Taremi, já estaria a apontar, servilmente, para a marca dos 11 metros.

Como estamos em Portugal e não em Espanha, o assunto ainda mais rapidamente derivaria para as comunicações, ou falta delas, para os comunicados, para as claques, onde entraria inclusive na discussão o presidente da Câmara Municipal do Porto, dizendo que era uma vergonha o Taremi em vez de ter recebido um repinicado beijo na boca do Rubiales, tenha preferido praticar a sua melhor arte, que é a da queda para a piscina seca e que a culpa disso era do Sérgio Conceição, por não o treinar devidamente a receber beijocas na boca.

Ora, nem o movimento #Metoo, nem as diversas organizações LGBT, conseguiriam fazer-se ouvir-se na discussão entre os representantes do FCP e a Altice, tentando convencer-nos de quem era a culpa.

Confesso que é uma discussão onde tenho dificuldade em tomar partido, porque, por um lado tenho uma organização em que os seus responsáveis máximos ainda há cerca de um mês foram detidos por suspeita de prática de crimes que alegadamente lesaram o Estado em milhares e milhares de euros e do  outro lado está Pinto da Costa, o que, de per si, me exonera da necessidade de dizer porquê (por que todos sabem, não é?), pelo que a falha de energia, todos também sabemos que se deveu à culpa do mesmo de sempre – o motorista do Cabrita. Perdão, ou seria o motorista do Sócrates? Bem, vocês sabem do que estou a falar e, na dúvida, será de um motorista qualquer.

Voltando ao Rubiales, começo a ter pena por que raio foi o homem tentar aplicar um chocho à Hermoso, quando se o fizesse ao Taremi, desencadearia uma discussão planetária, mas curiosamente nem se falaria dele. Dele, do Robiales, claro.

Falar-se-ia da chamada que o arbitro fez para o VAR, com um tijolão dos anos 90, da simulação da Taremi, das repetições e dos minutos de compensação, tipo record mundial, que os jogadores do Porto beneficiaram, tudo na expectativa (do arbitro, claro) a ver se o robiales aplica outro chocho a outro qualquer jogador dos tripeiros. 125 minutos chegariam para tal?

Mas não, por mais que eu me ponha para aqui a imaginar coisas, não consigo parar de pensar que se no vídeo do autocarro, onde a Hermoso está toda contente a mostrar às colegas a foto do beijo, quando as colegas viram o seu presidente a aproximar-se e lhe pedem um Beso ao “Presi, Presi, Presi” e se ele, logo ali, lhe afinfasse o beijo que elas pediam, seriam as mesmas testemunhas contra ele, por conduta imprópria?

Nota: apesar de nesta rábula, até parecer que eu defendo o Presi,, no entanto, desde a primeira hora afirmei que ele jamais poderia ter feito o que fez, mesmo com o consentimento dela, a não ser que fosse uma situação tão especial, mas tão especial, como por exemplo, um pedido de casamento.