Alcácer do Sal, Grândola e Setúbal queixam-se dos custos aplicados nas travessias e apelaram à intervenção do Governo. João Galamba, dizem, revelou-se sensível ao problema.
Os presidentes das câmaras de Alcácer do Sal, Grândola e Setúbal foram recebidos, terça-feira, por João Galamba, ministro das Infraestruturas, para abordarem a questão dos transportes fluviais que garantem a travessia no Sado, ligando Setúbal e Troia.
O encontro surge na sequência da tomada de posição pública adotada pelas edilidades em setembro, que apelaram a custos mais acessíveis das travessias, à possível integração das mesmas no passe Navegante e a uma concessão gerida por entidades públicas e não pela autoridade portuária, neste caso pela APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra
Em conversa com o Semmais os autarcas disseram que saíram relativamente satisfeitos do encontro com João Galamba. “Penso que podemos dizer que o encontro foi positivo. O ministro disse compreender e que está sensível às nossas sas preocupações, desde o primeiro minuto”, sublinhou Vítor Proença, presidente da câmara de Alcácer.
Perante o governante, os edis, apresentaram os seus argumentos e os pontos que consideram “inaceitáveis”. “Para nós não faz qualquer sentido, aliás é uma situação única no país, que seja uma administração portuária a fazer uma concessão de transportes a uma empresa privada. A ideia que temos é que deviam ser empresas ou entidades públicas, que estão na Área Metropolitana de Lisboa, na área dos transportes, que estariam perfeitamente vocacionadas para fazer isso”, apontou, por sua vez, André Martins, líder da autarquia de Setúbal.
O custo das travessias foi outra das críticas apontadas. “A travessia de um carro com o condutor e três passageiros pode custar 67 euros. É uma situação incomportável. Consegue ser quase tão caro como um voo, para qualquer destino europeu, de uma companhia low-cost”, evidenciou o autarca de Alcácer.
Reunião no dia 30 pode apresentar soluções
Além da atenção do ministro para este assunto, outro tema que alimenta a esperança dos autarcas, no sentido de se encontrarem soluções, foi o facto de ter ficado marcada uma reunião para dia 30. “Agrada-nos, efetivamente, este segundo encontro com o ministro. A situação é complexa, sabemos, e não sei se teremos soluções definitivas saídas desse encontro, mas é mais um passo que damos na defesa das populações nesta questão”, disse Figueira Mendes, presidente de Grândola.
As soluções podem passar, inclusivamente, com ajuda das autarquias, pelo próprio Governo ou por articulação com os grupos parlamentares. “Existe o compromisso do ministro em tratar desta questão com o grupo parlamentar do PS. Da nossa vamos falar com o grupo do PCP, para que se veja se é possível incluir uma norma em sede de orçamento de estado”, revelou Vítor Proença.
“O que não se pode continuar a verificar é esta barreira para as populações. Os rios devem ligar os territórios. Devemos trabalhar em conjunto e penso que o Estado também deve cumprir a sua parte, enquanto entidade pública, assim como assume o investimento nos sistemas de transportes coletivos públicos”, acrescentou André Martins.