Já está ao rubro a gincana política traçada no decurso da demissão de António Costa e da já proclamada destituição da Assembleia da República.
Parece óbvio que os portugueses eleitores irão a votos no próximo ano sem perceberem bem que ideias, projetos e programas estarão em cima da mesa, de modo a poderem fazer as suas escolhas.
É um dos males do nosso burgo político, pessoalizar e dramatizar ao serviço de uma conquista de votos nem sempre percetível no quadro português. Tudo isto pode até fazer sentido na luta partidária, mas estes caminhos estratégicos beliscam o essencial: saber como os partidos e os seus candidatos a primeiro ministro vão resolver os problemas que todos afirmam existir na nossa sociedade.
Esta falta da esclarecimento é perniciosa e dá a entender que, afinal, quem se propõe gerir o país não sabe a quantas anda. Nos governos dizem uma coisa, na oposição outra. E na oposição tudo é fácil de resolver, mas quando se chega ao poder, faz-se a mesma coisa ou pior ainda.
Neste momento, em que todos sabemos e sentimos na pele, problemas em setores como a Saúde, a Educação e outros, era importante discutir projetos e soluções. Vai ser um vazio.
Os eleitores vão então escolher o quê? Se o Chega fica arredado do poder ou se virá a ser muleta do PSD, em caso de vitória deste último partido. Se o PS, após definir o seu novo líder, se chegará ao PSD ou se, pelo contrário, reeditará uma qualquer gerigonça. É isto.
Uma coisa é certa, o mal está feito. Parece inquestionável que os resultados das próximas eleições não trarão estabilidade política, uma das questões centrais que têm conduzido o país a alguns bons resultados.
A única safa é que nos momentos mais críticos da política nacional, os portugueses têm mostrado sabedoria na hora de escolher e votar. Se assim for, essa será a melhor lição que se poderá dar em março do próximo ano.