Pedidos de apoio alimentar não param de aumentar na Refood da península

Almada e Barreiro são dois concelhos críticos. A Refood tem agora o dobro dos pedidos que registava há cerca de um ano. Também há quem peça ajuda para gerir os haveres e quem necessite de apoio psicológico.

Os pedidos de auxílio alimentar em alguns dos principais concelhos do distrito duplicaram no último ano. É o caso do Barreiro e de Almada, onde as delegações da Refood já têm centenas de pessoas em lista de espera para poderem ter acesso a comida, mas também a aconselhamento financeiro e a consultas de psicologia.

“Neste momento temos 60 famílias em lista de espera e todos os dias recebemos novos telefonemas e e-mails de pessoas que estão a atravessar graves problemas”, diz ao Semmais uma das coordenadoras da Refood de Almada, Inês Martins.

De acordo com aquela responsável do grupo de voluntários do referido concelho, que trabalha sobretudo na Laranjeiro e Feijó, estão a ser apoiadas quase diariamente 360 pessoas. “Desse número, 130 são crianças ou jovens adolescentes”, afirma.

“Há, sem dúvida, muita mais gente a recorrer aos nossos serviços. Só não socorremos mais porque não temos espaço nem capacidade logística para o fazer”, diz Inês Martins, referindo que às instalações na Rua Isabel da Veiga, no Feijó, acorrem cada vez mais pessoas “que nem sequer estão inscritas”. “Aparece muita gente que, mesmo tendo emprego, não tem condições financeiras para suportar os encargos, nomeadamente as rendas de casa”.

A mesma responsável diz, por outro lado, que já não são só as carências alimentares que preocupam os voluntários. “Há muita gente que precisa de ser aconselha da sobre como deve gerir o pouco que têm, mas também pedidos de apoio psicológico, principalmente devido a problemas de alcoolismo”.

Estes problemas são praticamente replicados no Barreiro, concelho que chega a ser o segundo do país em termos de pessoas carenciadas identificadas pela Refood. “Em 74 núcleos que existem no país, somos muitas vezes o segundo com mais gente a solicitar auxílio. Neste momento passámos de 50 pessoas em lista de espera para mais de 80. A situação é muito preocupante, até porque há quem aguarde auxílio há quatro e cinco meses”, conta um dirigente local que pediu anonimato.

Atualmente o núcleo do Barreiro presta apoio alimentar a cerca de 600 pessoas. É uma tarefa que se repete uma vez por semana, ao passo que em Almada tal acontece três em cada sete dias.

Inês Martins diz que é desejo dos dirigentes poderem aumentar o auxílio em Almada, mas para isso precisam, em primeiro lugar, de ter novas instalações: “O espaço de que dispomos, cedido pela câmara já é exíguo para tanta procura. Aguardamos que sejam concluídas as obras em curso para mudarmos para o Laranjeiro”.

Até que essa mudança se concretize, a Refood Almada continua a fazer recolhas em restaurantes, supermercados, padarias e pastelarias. “Temos duas carrinhas, dadas pela autarquia, mas precisávamos de um veículo elétrico, até porque a despesa em combustível ultrapassa os 200 euros por mês. Com outros meios físicos poderemos ajudar ainda mais os nossos munícipes”, refere.