Convidado para uma tertúlia, o cardeal Américo Aguiar defendeu que só a “proatividade das forças da cidade pode salvar um projeto saudável”.
O bispo de Setúbal, Américo Aguiar, apelou, esta quarta-feira, às forças vivas do Porto para que se mexam e salvem o Jornal de Notícias, enquanto a ex-eurodeputada Ana Gomes defendeu a intervenção do Estado e a taxação das grandes tecnológicas.
Falando na qualidade de convidado da Tertúlia #Somos JN, que decorreu no Clube Fenianos Portuenses, o também cardeal disse que chega de conversa, apelando às “forças vivas do Porto para que se juntem, interpelem o dito fundo [detentor da Global Media Group] e resgatem” os títulos em perigo de extinção, assinalando que só a “proatividade das forças da cidade pode salvar um projeto saudável”.
Numa intervenção por videochamada, rica em episódios, Américo Aguiar exibiu uma nota de 50 euros para mostrar estar disponível para contribuir para a ajuda necessária e recorreu ao jargão do Porto para lançar um desafio: “Ó Porto, acorda, carago!”.
Por seu lado, Ana Gomes, também por videochamada, concordou com o apelo do bispo e juntou-lhe outras soluções, explicando a necessidade de “distinguir o curto prazo do longo prazo” para começar por defender a “intervenção do Estado, desde logo para garantir que os salários são pagos” aos trabalhadores.
Sobre a intervenção a longo prazo, a antiga candidata à Presidência da República, reivindicou que “há que quebrar as grandes [empresas] tecnológicas que absorvem lucros faraónicos, para que quem produz informação tenha os seus dividendos”.
Sem perder o ímpeto, Ana Gomes impeliu as instâncias reguladores em Portugal para que “tentem saber que grupo é este” por detrás da GMG, entendendo tratar-se de um tema “que devia interessar, por exemplo, ao Banco de Portugal”.
Em 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.
Os trabalhadores não receberam o salário de dezembro, nem o subsídio de Natal que, segundo a administração, será pago em duodécimos durante este ano, o que viola a lei, tendo hoje todos os títulos do grupo cumprido um dia de greve.
O grupo anunciou também o fim das prestações de serviços a partir de janeiro, num aviso com poucas horas de antecedência.